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Reclamação de clone de celular cresce 400% no período de um ano
Aline Mazzo
Especial para o Diário
27/08/2005 | 07:23
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A clonagem de celular tem se tornado uma das reclamações mais recorrentes entre os consumidores. De acordo com dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), nos dois primeiros meses deste ano foram registradas 1.513 reclamações de celulares clonados, número que configura um crescimento de 400% nas ocorrências, em relação ao mesmo período do ano anterior. O maior problema é que grande parte dos prejudicados não sabe como proceder quando descobre que seu aparelho está clonado.

O taxista Sebastião Fagundes do Couto, 54 anos, de Mauá, percebeu que seu celular estava com problemas quando começou a receber ligações de outras cidades, como Piracicaba, Campinas, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. "As pessoas me ligavam e pediam os dados da minha conta no banco para fazer um depósito. Por isso achei que tinha algo de errado", conta.

No mês seguinte, Couto viu o tamanho do prejuízo. Uma conta de R$ 811, que tinha ligações até para a Colômbia. "Eu já desconfiava que ele estava clonado. Por isso liguei para a operadora, que informou que meu aparelho não estava clonado, pois o sinal das ligações vinha do Centro de Mauá, o mesmo local em que eu moro", diz o taxista.

Com a negativa da operadora, Couto procurou o Procon e mandou seu aparelho para o conserto, com o objetivo de descartar a possibilidade de um problema técnico. Só depois de 40 dias da reclamação, a operadora reconheceu que o celular estava realmente clonado, e aconselhou-o a tirar as contas do débito automático, para não pagar contas indevidas. Mesmo assim, as contas altas continuavam chegando. "Recebi mais duas contas no valor de R$ 700, e o celular ficou desligado por todos estes dias", reclama.

O taxista só recuperou a linha e conseguiu negativar o débito com a operadora seis meses depois, o que não resolveu o maior dos seus problemas, recuperar a clientela que havia perdido por ficar sem celular por tanto tempo. "Tive um prejuízo enorme, pois a maioria dos meus clientes não me achou mais e perdi o contato com eles", conta.

A advogada do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) Maíra Feltrin explica que todos os problemas e danos morais causados pela clonagem devem ser de responsabilidade do fornecedor do serviço. Por isso, a primeira providência a ser tomada quando se desconfia da clonagem é comunicar a operadora. "Deve-se pedir a monitoração da linha, ou uma investigação sobre o que possa ter ocorrido", orienta. O fornecedor, segundo Maíra, também é responsável por abater o valor que não foi consumido da fatura do cliente.

Caso a operadora não tome providências para solucionar o problema, deve-se procurar um órgão de defesa ao consumidor, pois a empresa pode até ser multada se não atender a esse pedido do cliente. "Se não houver um acordo com a prestadora de serviço, o caso pode ser levado à Justiça", aconselha Maíra.

O advogado responsável pelo Procon de Mauá, Carlos Eduardo Gomes, alerta para a importância de se prevenir da clonagem. "Os consumidores precisam tomar cuidado com áreas em que o celular fica no modo analógico e em locais com muitas freqüências de ondas radiofônicas, como aeroportos. Nestes lugares é muito mais fácil fazer a cópia de um celular."

Sinais de clonagem
Alguns sintomas podem indicar se seu número foi clonado:
 
- Dificuldades para completar chamadas
- Quedas freqüentes de ligação
- Dificuldades para acessar a caixa de mensagem
- Chamadas recebidas de números desconhecidos, nacionais e internacionais
- Débitos de prestação de serviços muito acima da média

Cuidados para evitar a clonagem:
- Ao adquirir um celular, novo ou usado, exija a nota fiscal e verifique se as informações batem com as do aparelho
- No caso de aparelho usado, verifique junto à operadora se não é roubado, que consultará o CEMI (Cadastro Nacional de Estações Móveis Impedidas)

- Não forneça dados do aparelho a estranhos
- Só efetue a programação do celular quando solicitada pela operadora
- Em caso de roubo, registre um boletim de ocorrência para inclusão no cadastro de estações móveis impedidas
- Em caso de perda ou roubo do aparelho, efetue o bloqueio da linha imediatamente
- Se possível, opte por celulares de tecnologia digital. Os analógicos são mais suscetíveis a clonagem
- Evite utilizar o aparelho em aeroportos e nas regiões próximas a eles, e também não ligue o celular logo que descer do avião. Os radares dessas áreas facilitam o monitoramento do sinal.

Informações adicionais sobre fraude de clonagem de telefone celular na Anatel, ligue 0800-332001. O Regulamento do Serviço Móvel da Anatel está disponível no site www.anatel.gov.br.



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