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Grande ABC só tem 830 vagas de UTI adulto

Região ainda não foi contemplada com os 2.000 novos leitos anunciados pelo governo estadual

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
25/03/2020 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


De acordo com dados do Ministério da Saúde, disponíveis no sistema Tabnet, o Grande ABC conta com 830 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para adultos. Esse número considera as unidades públicas e privadas. Com população superior a 2,8 milhões de pessoas, das quais 432 mil são idosos, a região se prepara para a necessidade de internar contaminados pela Covid-19 e as cidades já cancelaram procedimentos eletivos. A região tinha, até o fechamento desta edição, 34 casos confirmados da doença. Prefeitos têm pedido investimentos e até ofertado hospitais para os governos estadual e federal, mas até o momento a região não foi contemplada com os 2.000 novos leitos anunciados pelo governador João Doria (PSDB).

O cardiologista e clínico geral Hermano José da Silva explica que não somente os pacientes idosos, mas todos aqueles com alguma comorbidade, como hipertensão, diabete, doenças autoimunes, asmáticos ou fumantes, uma vez infectados, podem precisar de internações em leitos intensivos ou semi-intensivos. Silva destaca que o novo coronavírus, em muitas pessoas, causa pneumonia severa, que pode evoluir para falência respiratória. “A avaliação depende de um médico, mas, em regra geral, essas pessoas vão precisar de respiradores e outros equipamentos que não têm em leitos comuns”, completa.

Na avaliação do especialista, se a população seguir as orientações pelo isolamento social e a transmissão do vírus for controlada, não haverá falta de leitos na região, por isso a importância de reduzir a circulação. “O Estado de São Paulo está bem articulado e tem toda a estrutura para lidar com essa situação”, avalia o cardiologista.

Apesar da perspectiva positiva, prefeitos da região têm se queixado da falta de apoio tanto do governo estadual quanto do governo federal. Santo André está construindo hospitais de campanha no Estádio Bruno Daniel e no Complexo Esportivo Pedro Dell’Antonia (leia mais abaixo).
O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), já colocou à disposição Hospital de Urgência que está praticamente pronto e que, inicialmente, iria substituir o Pronto-Socorro Central, no Centro. A proposta da Prefeitura é que o Ministério da Saúde assuma os custos com a compra de equipamentos e a gestão. Seriam disponibilizados 250 novos leitos e todos poderiam ser transformados em UTI.

Segundo a administração são-bernardense, são necessários R$ 50 milhões para terminar de equipar a nova unidade de saúde e mais R$ 16 milhões para o custeio mensal. A Secretaria de Estado da Saúde informou que acolheu prontamente a sugestão e considera a iniciativa louvável. “A pasta aguarda definição do Ministério da Saúde quanto à disponibilização de recursos financeiros para ativação de serviços com foco na assistência a casos de Covid-19 para dar seguimento às medidas de abertura de novos leitos de UTI em São Paulo”, relatou em nota. O Ministério da Saúde não respondeu até o fechamento desta edição.
São Caetano também está providenciando um hospital de campanha e anunciou criação de novos leitos de UTI. A cidade, que lidera a lista de casos confirmados do novo coronavírus no Grande ABC, com 11 pessoas infectadas, vai contar com 80 unidades.

Em recente entrevista ao Diário e por meio de sua página no Facebook, o prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), reclamou que tenta há oito anos tirar o novo hospital municipal do papel, sem receber apoio efetivo do Ministério da Saúde. “Já estive pessoalmente com o ministro (Luiz Henrique) Mandetta, olhando no olho, e até agora, nada”, afirmou. “Diadema tem a maior densidade demográfica do País. Já cadastramos no governo para termos mais dez leitos de UTI, mas também não deram retorno. Pedi ao governo do Estado máscaras, que a gente não tem mais onde comprar, e não mandaram nenhuma”, concluiu Michels.  




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