Setecidades Titulo Habitação
Núcleo Pintassilgo aguarda urbanização prometida há 5 anos

Área irregular às margens da Represa Billings,
em Santo André, concentra 1.452 famílias

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
26/11/2016 | 07:00
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Celso Luiz


 “Assim como toda mãe, óbvio que meu desejo é dar uma vida melhor para meus filhos, mas na atual condição que vivemos aqui, o máximo que consigo fazer é proteger eles da chuva, colocando eles debaixo da cama”. O desabafo da dona de casa Edivania de Jesus Silva, 26 anos, é um retrato das dificuldades diárias enfrentadas por 1.452 famílias que residem no núcleo Pintassilgo, comunidade irregular próxima ao Parque do Pedroso e às margens da Represa Billings, em Santo André.

Mãe de quatro crianças (Letícia, 9; Leonardo, 8; Leandro, 7 e Lucas, 2), a família de Edivania mora em barraco de dois cômodos cedido pela cunhada há cinco anos. “Pagava aluguel de R$ 600 no Tamarutaca, mas meu marido perdeu o emprego e tivemos que vim para cá.”

A situação, que a princípio, seria temporária, tornou-se a única opção da dona de casa para proporcionar lar aos filhos. “Se sair daqui não tenho para onde ir. Já cansei de me cadastrar no Minha Casa, Minha Vida e esperar alguém da Prefeitura vim aqui. A alternativa tem sido ficar aqui, mesmo com riscos de queda das árvores que ficam ao lado”, relata Edivania.

A população da área precária aguarda a concretização de promessa de urbanização feita em 2011, ainda pelo ex-prefeito Aidan Ravin (PSB). As ações são citadas pelos moradores como necessárias para a melhoria das condições de vida da comunidade carente. O projeto, cujas obras já deveriam ter sido iniciadas, está em análise junto à Caixa Econômica Federal, no entanto, conforme a administração Carlos Grana (PT), “não existe previsão para abertura de licitação (para o início das intervenções)”. A previsão inicial é de que sejam investidos R$ 140 milhões.

“Há 40 anos estamos esperando essa urbanização e nada foi feito. Sai prefeito, entra outro e nada sai do papel”, desabafa o presidente da associação de moradores do núcleo, Joelson Souza Santos. A expectativa da comunidade é a de que o cenário de abandono receba atenção por parte do prefeito eleito Paulo Serra (PSDB).

O projeto para a área prevê que parcela das famílias que residem no núcleo seja removida e reassentada em espaços dentro da própria comunidade. Já os moradores que estão em locais de risco deverão ser atendidos em programas de moradia popular. Além disso, a proposta é recuperar as unidades de conservação ambiental do Parque do Pedroso e da Represa Billings.

 

VIDA NOVA

A situação de abandono também é vivenciada pela família da dona de casa Valéria Munhoz Ramos, 39. Mãe de seis filhos (Claudia, 21; Jack, 17; Kevin, 10; James, 8; e as gêmeas Kamilly e Vitória, 1 ano e dez meses), a moradora encontrou no núcleo esperança de recomeço.

“Meu marido e eu ficamos desempregamos e aqui foi o único lugar que conseguimos espaço para ficar. Confesso que ainda resisto em morar aqui, pois somos obrigados a conviver com esgoto correndo na frente da nossa casa e com a inundação (em dias de chuva forte). Não temos asfalto, as casas correm risco de desabar, muita gente mora às margens da Billings, mas ninguém fez nada até hoje”, destaca a munícipe, que divide barraco de madeira de dois cômodos com os filhos e o marido. “É um aperto, mas é o que nos resta. Nossa esperança é que a algum projeto da Prefeitura mude nossa situação”.




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