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Sarney autografa livro e lança exposição em São Paulo
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
05/08/2001 | 17:05
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O senador José Sarney (PMDB-AP) estará nesta terça-feira, às 19h, na Biblioteca Latino-Americana Victor Civita, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Além de autografar o livro de contos Norte das Águas – editado em 1969 e relançado agora –, o ex-presidente abrirá a exposição José Sarney – O Poeta e o Defensor da Liberdade.

Duas vitrinas com a produção literária de Sarney, seis banners com trechos de poemas seus e 49 painéis fotográficos compõem a mostra. Inaugurada em julho do ano passado em São Luís (Maranhão), a exposição já passou por Amapá, Rio e Brasília. Portugal também a verá – a mostra, que fica até o dia 31 em São Paulo, segue para Lisboa e Porto.

Além de Norte das Águas, as principais obras literárias do senador, membro da Academia Brasileira de Letras desde 1980, são Os Marimbondos de Fogo (poesia, 1979), O Dono do Mar (romance, 1995) e Saraminda (romance, 2000).

Das 14h às 18h, Sarney dará um depoimento para o projeto Presidentes do Mercosul, coordenado pelo diretor-presidente do Memorial, Fábio Magalhães. O ex-presidente do Uruguai Julio Maria Sanguinetti e o ex-presidente da Argentina Raúl Alfonsín já participaram do projeto. O objetivo é revelar a história do Mercosul por intermédio da memória de seus artífices. O banco de dados ficará disponível. A inauguração da mostra e o depoimento estão abertos apenas para convidados.

O que causa um certo estranhamento é justamente o título da exposição, José Sarney – O Poeta e o Defensor da Liberdade. A imagem do senador está identificada o bastante com o regime militar que acabou com a eleição direta para presidente, estabeleceu a censura prévia e torturou até a morte o jornalista Vladimir Herzog, entre outras medidas nada democráticas.

Nunca é tarde para lembrar que Sarney foi presidente do PDS, o partido que dava sustentação política ao governo militar. E que chegou ao Palácio do Planalto sem o voto popular, eleito indiretamente. Senadores nomeados – e não eleitos –, os chamados biônicos, integravam o colégio eleitoral que guindou Tancredo Neves à Presidência da República e Sarney à Vice.

Em 1988, o então presidente recebeu uma homenagem de Lobão, inserida no disco Cuidado!. Diz o refrão da música O Eleito (Lobão/Bernardo Vilhena): “Ele é o esperto/Ele é o perfeito/Ele é o que dá certo/Ele se acha o eleito”. Uma estrofe: “Seus versos são bem escritos/Seus gestos são mal estudados/A sua pose é militarista”.




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