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Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

Memórias do maestro

João Carlos Martins acaba de lançar livro em que mergulha em lembranças afetivas

Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
20/10/2019 | 07:00
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Divulgação


Há muitas formas de se fazer um retrospecto da vida. Alguns traçam uma linha do tempo, outros remontam os melhores momentos em fotos. Mas o maestro João Carlos Martins, 79 anos, teve uma ideia inédita: elencou suas lembranças afetivas de acordo com as letras do alfabeto. E o seu ‘bê-á-bá’ está impresso no recém-lançado João de A a Z (Sextante, 209 páginas, R$ 39,90).

“Escrevi o livro todo à mão, porque não sei digitar no computador. Fiz rapidamente, com uma letra horrível. Usei o abecedário para mostrar o que cada uma das palavras me ensinou na vida. A letra ‘A’ falo sobre amor, o ‘B’ é de Bach, o ‘C’ é concerto e assim por diante. Gostei muito do resultado”, analisa o maestro. Segundo ele, trata-se de uma abordagem singular na sua história, que já foi tema de programa de rádio norte-americano, documentários alemão e belga, enredo de Carnaval, além de filme, em que foi interpretado por Alexandre Nero, e peça teatral. “Eu sempre falava: ‘Essa vai ser a última vez que recontamos minha história.’ Mas daí veio esta proposta e não pude resistir.”

Embora João Carlos Martins seja dono de uma trajetória de superação – já fez 24 operações para manter o sonho de continuar na música, embora não consiga mais tocar piano – o livro não trata de autoajuda. “Descrevo em cada uma das palavras o que a vida me ensinou e aproveito para dividir emoções, pois só sabe multiplicar aquele que aprende a dividir. E no final de cada verbete, lembro de casos engraçados, o que dá um ritmo à leitura.”

Em uma desas passagens bem-humoradas, Martins lembra de certo dia, antes de um ensaio, quando foi apresentado a um compositor promissor, que pediu para fazer uma improvisação em sua homenagem. “A música não acabava. Já passava de 20 minutos e eu já não aguentava mais, mas fiquei firme. Quando ele finalmente parou, fui sincero e recomendei que ele estudasse outra coisa, medicina, por exemplo, que também fala da expiração. Nesse momento ele confessou que tudo não passava de um trote.” A brincadeira foi idealizada por um fagotista amigo seu, chamado Eliseu.

O maestro acha que agora é a hora de deixar um legado. “O que a vida me ensinou? De uma adversidade, depois de 24 operações, ou você dá um salto para o abismo, ou você faz da adversidade uma plataforma para voar mais alto. As situações foram muito boas para minha vida, mas chegou a hora de tentar deixar um legado. E o que estou deixando é o Projeto Orquestrando o Brasil.” Trata-se de uma plataforma digital que busca unir regentes e líderes de grupos musicais que trabalham por todo o Brasil para troca de experiências e ajuda mútua. Hoje, a iniciativa já conta, segundo ele, com 500 orquestras parceiras, uma delas a Orquestra Versolato, de São Bernardo.




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