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Carros: Financiar com leasing fica mais caro
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02/02/2008 | 07:05
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Empresas de leasing registravam R$ 60,6 bilhões em operações ativas em novembro de 2007. Nesse mesmo mês o setor mantinha R$ 160 bilhões em depósitos nos bancos, exatos R$ 100 bilhões a mais que o total das transações.

Isso quer dizer que as companhias de leasing captaram valor quase três vezes maior que o total de operações de arrendamento mercantil.

Essa diferença era usada por alguns bancos para emprestar aos clientes em diversas outras operações, o que deve ser inibido a partir de agora com a decisão do Banco Central de incluir os recursos depositados pelas empresas de leasing na base de cálculo do recolhimento compulsório dos bancos.

“Tanta diferença entre os números das operações e dos depósitos mostra que, certamente, os bancos usavam essa brecha para captar recursos de forma mais barata no mercado, diz a economista-chefe da Tendências Consultoria, Ana Carla Abrão Costa.

A brecha era gerada porque os depósitos das companhias de leasing não estavam sujeitos a qualquer alíquota compulsória. Ou seja, nenhum centavo desses recursos tinha que ser recolhido pelos bancos ao BC, como acontece com depósitos de outras empresas e do público em geral.

Isso fazia com que algumas instituições usassem suas subsidiárias de leasing para captar recursos sem a finalidade de financiar a compra de veículos ou máquinas nessa modalidade de operação.

Esse dinheiro podia ser integralmente destinado pelo banco a outros empréstimos, enquanto captações tradicionais já estavam sujeitas ao compulsório, que vai até 53% no caso de depósitos à vista.

O presidente da Abel (Associação Brasileira de Leasing), Rafael Cardoso, nega que o setor era usado pelos bancos para captar recursos e burlar o compulsório.

“Sinceramente, não tenho essa visão de que bancos poderiam usar o setor para fazer mau uso dos recursos captados. A autoridade monetária nunca comentou sobre isso conosco”, disse.

Cardoso observa ainda que todas as operações de captação das empresas de leasing são realizadas conforme instrumentos legais, previstos na legislação em vigor. “Isso não é ilegal e não é uma brecha. Pelo contrário, essas condições permitem ao sistema oferecer crédito com taxas mais baixas”.

Ele observa ainda que, mesmo com o compulsório, os recursos das operações de leasing continuam disponíveis e ressalta que a medida do BC não deve ter qualquer conseqüência negativa para o setor.

O diretor da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Osmar Roncolatto Pinho, avalia as medidas do Banco Central como uma decisão de política monetária para enxugar dinheiro da economia por meio dos bancos.

Ele argumenta que, de fato, o nível de inflação nos últimos meses têm incomodado bastante a autoridade monetária.

“Esse enxugamento de dinheiro na economia tem a finalidade de combater o avanço dos índices inflacionários.”

Ele não acredita, porém, que a medida seja suficiente para reduzir o volume de crédito no País. Isso porque esse não é o único dinheiro que os bancos têm em caixa para emprestar aos consumidores.

O que pode barrar a expansão dos empréstimos é o agravamento da crise que afeta a economia dos EUA.




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