Setecidades Titulo Tragédia no Itaquerão
Operário é enterrado sob forte comoção em Diadema

Fabio Hamilton da Cruz trabalhava na Arena Corinthians e esperava para assistir a jogo no estádio

Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
31/03/2014 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


Comoção e revolta marcaram o enterro do operário Fabio Hamilton da Cruz, 23 anos, que morreu na tarde de sábado após queda de arquibancada provisória em obra na Arena Corinthians, na Capital. Morador do Parque Reid, o jovem foi sepultado no Cemitério Municipal de Diadema por volta das 16h de ontem.

Corintiano, Cruz se orgulhava em trabalhar no Itaquerão. Segundo familiares, ele atuava no local há cerca de três meses. Aguardava ansioso a finalização das obras para poder assistir a jogo no estádio.

“Era um amor de pessoa. Meigo. Gostava muito de ficar com a família. O sonho dele era ter um filho”, contou a prima Marina Dionísio. “Morreu dando o sangue pelo Corinthians. E o que vão fazer? Estamos sofrendo demais”, falou a tia da vítima Eva Maria do Carmo Martins. No sábado, fazia sete meses que Cruz tinha perdido um irmão.

O jovem era funcionário da WDS Construções, subcontratada pela Fast Engenharia para realizar a montagem das arquibancadas provisórias exigidas pela Fifa para que o local receba o jogo de abertura da Copa do Mundo.

O montador William Barbosa estava ao lado de Cruz no momento do acidente. De acordo com ele, o amigo tinha acabado de montar um painel quando soltou os talabartes do cinto de segurança para se deslocar pela estrutura. Neste momento, um terceiro colega o alertou para prender o equipamento. Mas a vítima deu um passo, e a madeira sobre a qual estava começou a escorregar, ocasionando a queda de 15 metros de altura, segundo o Corpo de Bombeiros.

A Fast Engenharia informou que o acidente ocorreu a oito metros de altura. A empresa e a WDS lamentaram a morte do funcionário. A WDS afirmou que o operário era treinado, conhecia a atividade e tinha à disposição todos os equipamentos necessários. Colegas e familiares que trabalhavam com Cruz, no entanto, contestam a informação.

“Nenhum de nós fez treinamento”, disse o montador William Barbosa. Primo e também operário, David Dionísio da Silva estava em outra área do estádio no momento do acidente. “Ele era ajudante. Estava fazendo serviço que não era dele. A gente nem fez curso.”

De acordo com familiares, o operário tinha medo de altura. “Meu filho entrou lá para trabalhar como ajudante de obra. Se tivesse treinamento, não teria acontecido isso”, afirmou o pai da vítima Carlos Roberto Martins. “Ele não tinha preparo. Quantos sonhos morreram ali?”, lamentou o primo Anderson Alves Coutinho.

A morte de Cruz foi a terceira nas obras da Arena Corinthians, que receberá a abertura do Mundial em 12 de junho. Em novembro, dois operários morreram após peça de meia tonelada cair de um guindaste em área das arquibancadas.
 




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