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Como uma onda no mar

O presidente Lula diz que o tsunami econômico chega ao Brasil como uma marolinha, e que cada um deve continuar a gastar

Por Carlos Brickmann
02/11/2008 | 00:00
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O presidente Lula diz que o tsunami econômico chega ao Brasil como uma marolinha, e que cada um deve continuar a gastar. Seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, diz que a crise é grave e deve ser longa, e é bom evitar gastos. Quem tem razão? Alguns fatos para nos ajudar a pensar:

1 - a GM suspendeu a produção em duas fábricas, São Caetano e Gravataí, e deu férias coletivas de 11 a 16 dias a seus operários;

2 - Os 30 maiores plantadores de grãos do País ainda não iniciaram os preparativos para o plantio. Os produtos de que necessitam subiram muito, por causa do dólar; e as multinacionais do setor, que costumavam comprar e pagar antecipadamente toda a produção, preferiram neste ano aguardar os acontecimentos. Alegam que, com a incerteza mundial, nem sabem qual será o preço dos grãos;

3 - A China suspendeu as importações de minério de ferro da Vale, dando como justificativa a alta dos preços. A Vale - por isso e também pela queda na cotação de pelotas de ferro e na venda de outros minérios - decidiu reduzir "significativamente" a produção, no Brasil e em quatro países onde está instalada. Diz a Vale que a crise financeira global se intensificou e provoca recessão;

4 - Um conhecido deste colunista trabalha numa empresa de embalagens de papel, proprietária de três fábricas. E ainda não recebeu o salário do dia 5.

Do grande ao pequeno, todos estão sofrendo com a situação. E a crise é tão brava que, por incrível que pareça, faz até com que Mantega tenha razão.

OS TIPOS DE TORTURA
As fotos do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não deixam dúvidas: em vários momentos, entre caretas de dor, tentava ajustar-se melhor à cadeira. Chegou a bater com a testa na mesa. E ninguém, no Congresso, fez qualquer comentário. Está na hora de fazê-lo: essas explanações, esses interrogatórios, com duração que por vezes ultrapassa as doze horas, são uma forma sofisticada de tortura física. Tortura de paletó e gravata, com ar-condicionado, com água gelada, mas sempre tortura. Ninguém pode aguentar sem problemas tantas horas numa só posição. Está na hora de o Congresso rever seus procedimentos.

ECONOMIA...
O Ministério das Comunicações estuda a criação de uma empresa aérea estatal para transporte de cargas do Correio. Investimento previsto para o aluguel (leasing) dos quatro primeiros aviões da Embraer: R$ 200 milhões. O ministro Hélio Costa pretende levar o projeto ao presidente Lula já no início do ano.

...DENTRO DE CASA
Mas dá para fazer uma tremenda economia: na CPMI dos Correios, o deputado federal José Eduardo Cardozo, do PT paulista, sustentou que é possível alugar jatos Boeing 707 e DC-8 por preços muito mais baixos. Dizendo basear-se em dados oficiais, José Eduardo Cardozo garantiu, em inumeráveis entrevistas e no relatório parcial da CPMI, que um 707 pode ser alugado por valores variáveis entre US$ 1.950 e US$ 7.800 mensais, e um DC-8 por algo entre US$ 8.950 e US$ 35 mil mensais. Seria bom consultá-lo: quem sabe o especialista Cardozo não poderia indicar onde há jatos Embraer bem baratinhos para alugar?

E ESTE É O CHEFE
Da coluna Cláudio Humberto (www.claudiohumberto.com.br), sob o título "Bêbado, comandante de PM-RR urina em shopping de Brasília e acaba preso". Um trecho: "O comandante da PM de Roraima, coronel Márcio Santiago de Morais, deu um vexame na noite de quarta, em frente e dentro do shopping Pátio Brasil, em Brasília. Embriagado, urinou nas escadarias do centro comercial, chutou um carro estacionado, esmurrou uma moça, correu atrás de um transeunte, que se refugiou no shopping, xingou dois soldados e cantou ‘Adeus, Ingrata'."

BRASIL, SIL, SIL
Aconteceu de novo: prenderam uma menina, menor de idade, no lugar errado. E o resultado foi uma tragédia. Em Fortaleza, a menor foi colocada numa cela com duas outras moças suspeitas de homicídio. As duas a mataram; e explicaram que foram movidas exclusivamente pelo prazer de matar. A propósito, que é que aconteceu com a juíza e a delegada que, no Pará, puseram uma menina menor numa cela masculina, onde foi repetidamente estuprada?

O PAÍS ESTÁ SALVO
Definitivo: a sindicância movida pela Administração Penitenciária do Rio comprovou que o ex-banqueiro Salvatore Cacciola, preso em Bangu 8, não comeu lagosta na cadeia. É verdade que ele poderia comer lagosta, caviar ou jabuticabas, desde que a família levasse a refeição, no dia de visitas. É verdade, também, que Cacciola não come lagosta, porque não gosta. Mas a denúncia foi investigada, esclarecida, e agora o Brasil pode cuidar de outros temas.




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