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Pensando no futuro

Um importante ministro do governo federal critica as más condições das prisões e nenhuma

Carlos Brickmann
18/11/2012 | 00:00
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Um importante ministro do governo federal critica as más condições das prisões e nenhuma outra autoridade fala algo sobre as más condições das escolas. Claro: ninguém do governo imagina que haja uma escola em seu futuro.

Dificilmente as declarações do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), poderiam ser mais corretas: as prisões brasileiras são medievais, desumanas, não reeducam nem, o que seria o mínimo, impedem os condenados de praticar crimes mesmo durante o período em que se imagina que estejam contidos. Mas dificilmente Cardozo e Toffoli poderiam escolher uma ocasião pior para tocar no assunto. Toffoli, há pouco tempo, votou pela condenação de um deputado de Roraima a 13 anos de prisão e não se preocupou com as condições em que ficará no presídio. E Cardozo, cujo partido está no governo desde o início de 2003, só agora critica a situação carcerária - que, aliás, sendo ele ministro da Justiça, é de sua responsabilidade.

Antes da condenação de José Dirceu, que segundo Lula é o capitão do time, Sua Excelência o ministro não se preocupava tanto com o tema. Aos números: da verba disponível para presídios neste ano de 2012, o ministro Cardozo usou apenas 20%. Com os 80% que não soube investir seria possível construir oito novos presídios, dentro das modernas condições que agora ele considera necessárias.Diante das declarações do ministro José Eduardo Cardozo sobre o sistema prisional, só resta uma pergunta: o que é que ele faria se estivesse no governo?

QUASE CERTO

Este colunista concorda, em parte, com as declarações do ministro Toffoli, de que o intuito dos crimes do Mensalão era "o vil metal", e que portanto os crimes deveriam ser pagos com o vil metal. Só há dois ‘senões':

1 - qualquer assaltante de rua tem como objetivo o dinheiro, "o vil metal". Aceitando-se a opinião do ministro Toffoli, não seria preciso prendê-lo, desde que devolvesse "o vil metal" e pagasse, digamos, uma multa;

2 - O objetivo dos crimes do Mensalão não era "o vil metal".  Segundo a própria defesa dos réus, ninguém ali estava roubando para enriquecer. Seu objetivo era, na melhor das hipóteses, forrar o caixa 2 do partido (o que também é um crime); ou, na pior, comprar apoio parlamentar para o governo federal. Tanto é assim que o PT alega, agora, que os condenados não têm recursos para pagar as multas a eles impostas, e pensa até em fazer uma ‘vaquinha' para ajudá-los.

A propósito, a frase de Toffoli é um reconhecimento de que houve crimes.

NADA DE NOVO

Para pagar as multas, o PT quer fazer uma ‘vaquinha'. Ah, sempre as tetas!

O NOSSO, O DELES

O governo português decidiu privatizar o aeroporto de Lisboa, o maior do país. Há brasileiros no páreo: um consórcio formado pelas empreiteiras Odebrecht e CCR; outro, liderado pelos argentinos da Corporación América, inclui a brasileira Engevix.

Há algo em comum entre os dois consórcios: se um deles ganhar, quem paga boa parte da conta é o caro leitor, por meio dos generosos cofres do bom e velho BNDES. Cada consórcio obteve 1,2 bilhão de euros de crédito do BNDES. Alegre-se: parte da vitória é sua, embora só eles ganhem.

LÁ E CÁ

A propósito, o governo federal decidiu investir pesado nos aeroportos brasileiros. No próximo orçamento, prevê-se que a Infraero receberá R$ 1,7 bilhão para os aeroportos do país inteiro. É menos da metade do que o BNDES pretende destinar aos compradores de um único aeroporto em Portugal.

A BANDA SERIA LARGA

A região metropolitana de São Paulo, disse o governador tucano Geraldo Alckmin, é a maior do mundo. A maior e mais tradicional biblioteca pública de São Paulo é a Mário de Andrade. Nela, o público tem à disposição apenas dois computadores. Pode-se usá-los gratuitamente por 15 minutos, uma vez por dia. Não há cadeiras: o cidadão fica de pé. Também não há wi-fi. Mas há secretarias da Cultura no município e no Estado, e um Ministério para cuidar do assunto.

RENOVAÇÃO

Por falar em São Paulo, o prefeito eleito Fernando Haddad, o Homem Novo, escolheu um velho companheiro do PT, José de Filippi Júnior, tesoureiro da campanha de Dilma, ex-prefeito de Diadema, para secretário da Saúde. Filippi está condenado em segunda instância a devolver R$ 2,1 milhões aos cofres públicos, por contratar sem licitação o escritório do advogado petista Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-vice da prefeita petista Luiza Erundina. Filippi recorreu ao Supremo.

VOU CANTAR-TE NOS MEUS VERSOS

Marco Maia, presidente da Câmara, está na Presidência da República desde sexta-feira, com as viagens de Dilma e Temer. Fica até amanhã. Mas o Brasil é um grande País e o brasileiro é antes de tudo um forte. Sobreviveremos.




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