Os paquistaneses acordaram nesta sexta-feira submetidos a uma nova ditadura militar, depois que o novo homem forte do país, o general Pervez Musharraf, se apoderou do país ao decretar o estado de emergência. O general Musharraf assume o ``poder executivo e todo o Paquistao estará sob controle das forças armadas'. A Constituiçao, a Assembléia Nacional, o Senado e as assembléias provinciais do país foram suspensos.

A primeira decisao dos militares, na manha desta sexta-feira, foi o anúncio de que o Banco Central do Paquistao congelou as contas bancárias do primeiro-ministro Nawaz Sharif, dos ex-ministros, dos parlamentares federais e provinciais e de suas mulheres. Na última terça-feira (12), Musharraf deu um golpe de Estado que depôs Sharif, que o havia afastado de seu cargo de chefe do estado-maior do Exército e do estado-maior conjunto.

Em Islamabad, assim como nas grandes cidades, o estado de emergência foi recebido com calma por uma populaçao saturada da corrupçao generalizada e desenfreada que reina no país.

De parte dos partidos políticos, as primeiras reaçoes vieram da oposiçao, enquanto a Liga muçulmana paquistanesa de Sharif, que continua detido, nao comentou o assunto.

O Partido do Povo Paquistanês (PPP), de Benazir Bhutto, manifestou seu descontentamento com o estado de emergência e pediu aos militares que organizem eleiçoes para pôr de novo o país em funcionamento.

O Jamaat-i-Islami (JI, principal partido islâmico moderado) declarou-se ``traumatizado' depois que os militares tomaram o poder.

``Ninguém pode apoiar a suspensao dos direitos fundamentais ou da lei marcial', afirmou Sayed Munawar Hassan, secretário geral do JI.

Segundo o Movimento Muttahida Quami (MQM, que representa os muçulmanos que partiram da India em 1947), nao se pode questionar que a lei marcial nao é melhor do que a pior democracia, ``Mas Sharif era pior do que um ditador militar'.

Centenas de militantes do Movimento Muttahida Quami foram detidos na província de Sindh (Sul) depois que Nawaz Sharif instaurou a administraçao federal direta na província, no ano passado.

``É a lei marcial disfarçada', declarou por sua parte I.A. Rehman, um dirigente de uma organizaçao de defesa dos direitos humanos, referindo-se à ditadura do general Mohammad Zia ul-Haq, que impôs a lei marcial no Paquistao de 1977 a 1985.

Um porta-voz militar, o general Rashid Qureshi, declarou quinta-feira que o Exército derrubou o governo de Sharif para acabar com um complô tinha o objetivo de ``eliminar fisicamente' seu chefe, o general Musharraf.

O golpe de Estado foi condenado por várias instâncias internacionais desde a terça-feira (12), incliuindo os Estados Unidos, que, quinta-feira (14), pediu aos dirigentes militares paquistaneses que passassem rapidamente o poder a um governo civil. O comandante do Exército, general Pervez Musharraf, decretou na noite desta quinta-feira o estado de emergência no Paquistao, revelou a agência oficial APP.

O general Musharraf, que liderou o golpe de Estado de terça-feira passada contra o primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif, assume com o estado de emergência as funçoes do poder executivo, além de suspender a Assembléia Nacional, o Senado e as assembléias provinciais.

Informaçoes dao conta também que a Constituiçao foi suspensa e a Suprema Corte banida. Em Constituiçao Provisória, o governo golpista deixa claro que agora o presidente Rafiq Tarar é subordinado aos militares.

Um dia antes das discussoes marcadas pela Câmara do Paquistao, o exército asiático resolveu fechar o prédio do Parlamento do país e evacuar toda a equipe do local.

"O exército pediu para toda a equipe ir embora ao anoitecer", disse um oficial. "Depois, eles fecharam o prédio".

A açao acontece enquanto o líder do golpe, general Pervez Musharraf, e comandantes do exército continuam a ponderar seus próximos passos, em meio à pressao internacional para um rápido retorno à democracia. Acredita-se que esteja sendo cogitada a destituiçao do primeiro-ministro Nawaz Sharif e a eleiçao de um novo líder em seu lugar.

Enquanto a lei marcial nao for declarada, o parlamento continuará no poder e o general Musharraf nao terá base legal para assumir o comando militar.

O governo civil de Nawaz Sharif foi derrubado após a decisao do premier de retirar o general Musharraf do comando do Exército.