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Servidores do INSS fazem greve de 48 horas
24/03/2004 | 00:07
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   Faltou informação e sobraram indignação e revolta nos 28 postos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) – de um total de 40 – na Capital e Grande São Paulo que não funcionaram nesta terça por causa da greve de advertência dos servidores. No interior, das 119 agências, 55 fecharam as portas e quatro atenderam parcialmente, segundo estimativa do INSS. Pelo menos 73 mil pessoas ficaram sem atendimento. Os grevistas prometem intensificar nesta quarta a paralisação, mas retornam ao trabalho na quinta.

Os usuários – a maioria idosos, doentes, deficientes e com problemas de locomoção – foram pegos de surpresa com a falta de comunicação prévia da paralisação. Em grande parte das agências, os avisos informando sobre a manifestação não eram visíveis.

Na agência de Santo André, os segurados que chegaram de madrugada só conseguiram ver o pequeno cartaz da greve, misturado a outros avisos, quando o dia clareou.

Na unidade Santa Marina, zona norte de São Paulo, o pequeno aviso foi deixado tão alto na parede que os idosos tinham dificuldade em enxergá-lo. Quem ficava no fim da fila nem tinha noção de que a agência não abriria as portas.

Os usuários reclamavam que não estavam sendo respeitados no seu direito mínimo: o de que algum funcionário da agência desse informações sobre a greve. Na agência de Santo André, uma funcionária pelo vidro fazia gestos para que os segurados fossem embora. Nas demais, os seguranças, terceirizados, não sabiam dar informações.

Os grevistas admitem que faltou informação. ‘‘Como é uma greve de 48 horas, ficou difícil atingir toda a população’’, disse José Rubens Decares, do Sisprev (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência no Estado de São Paulo). Segundo ele, a categoria vai tentar nesta quarta fazer com que os colegas que não aderiram no primeiro dia cruzem os braços. ‘‘Pedimos que a população só procure os postos quinta-feira.’’

A greve de dois dias em todo o país é uma advertência para que o governo federal negocie com a categoria. Os grevistas alegam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não respeitou o acordo da categoria com o ex-ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, feito no fim do ano passado, após 49 dias de greve.

Segundo os sindicalistas, ficou combinado que todos teriam direito ao reajuste de 47,11%, que metade já recebe por decisão judicial.

Segundo Decares, o governo ‘‘estranhamente’’ descumpriu o acordo, editando a Medida Provisória 146, e propôs aos servidores que assinassem um termo de opção individual no qual abriam mão do índice. ‘‘Além disso, impuseram um plano de carreira que não foi discutido com a categoria.’’

O sindicalista garantiu que na quinta os servidores voltam ao trabalho – mas em estado de greve. A partir de 20 de abril, param por tempo indeterminado. Além da discussão da MP, os servidores também querem reajuste. A categoria afirma que só um reajuste de 127% compensaria as perdas dos últimos nove anos.




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