O Grande ABC será dividido em unidades territorializadas a partir de 2007. A nova classificação será usada pelo Consórcio Intermunicipal que, em parceria com a Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano), passará a estudar as necessidades de cada área, bairro a bairro. A idéia tem por objetivo avaliar quais as necessidades sociais da região para implementação de políticas públicas e investimentos privados.

O projeto, já firmado e orçado em cerca de R$ 350 mil começa a ser praticado na metade do ano. O trabalho de levantamento de dados levará em consideração a quantidade e qualidade dos equipamentos públicos e espaços adaptáveis para uso sustentável, industrial ou de serviços.

O assistente de projetos especiais do Consórcio, Marcelo Liochi, explica que o estudo definirá os padrões sócio-espaciais do Grande ABC. “As unidades de informação são baseadas na divisão utilizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Elas são suficientemente grandes para um bom trabalho de detalhamento”, conta.

A Emplasa ainda não definiu a quantidade exata de unidades que implantará nem os bairros contemplados na pesquisa. “Acreditamos, porém, que a região precisará de aproximadamente 100 divisões, que cobrirão, por completo, as sete cidades. As informações colhidas em cada uma servirão para indicar os melhores meios de utilização das áreas”, diz Liochi.

Na prática, o detalhamento quer mostrar onde e como aplicar verbas na região. O presidente da Emplasa, Marcos Campagnone, conta que a proposta partiu de um trabalho realizado sobre o uso e ocupação do solo da região. “Recolhemos dados sobre as características da população e domicílios, funções e tendências urbanísticas para constituir uma identificação de potencialidades de mercado e elaboração de planos regionais e municipais”, diz.

Segundo Campagnone, as prefeituras devem usar esse tipo de material para criar a consciência de que é preciso ter uma visão integrada sobre desenvolvimento. “A Grande São Paulo é divivida em diversas jurisdições municipais que, para funcionar, exigem políticas harmônicas. Basta pegar um mapa e olhar as cidades de Diadema, Mauá e São Bernardo, por exemplo. Elas representam uma mancha única, praticamente.”

A chave para a solução dos problemas econômicos, sociais ou ambientais estaria, portanto, no trabalho conjunto das administrações. “Não podemos mais pensar em projetos que beneficiem apenas os limites territoriais de cada município”, completa o presidente da Emplasa.

Banco de dados - O resultado do estudo será revelado à população por meio de um CD- ROM – que deve conter o banco de dados completo da região – e um site a ser disponibilizado pela Emplasa. “Todos terão acesso a fotos, planilhas e relatórios. Ambas as ferramentas serão úteis tanto para o cidadão comum como para o empreendedor”, garante Marcelo Liochi.

O poder público também deve se beneficiar com o projeto e já destina pessoal para acompanhá-lo. Ao todo, 16 técnicos de diversas secretarias municipais farão o trabalho. Eles fazem parte do NPI (Núcleo de Planejamento Integrado) do Consórcio.

A publicação do estudo está programada para meados de 2008. A base de dados para o levantamento final será o mapa de satélite com as divisões por ramos de atividade instaladas na região.

Para os moradores da Vila Palmares, em Santo André, não será preciso muita pesquisa. O autônomo Valter dos Reis, 39 anos, é vizinho de uma praça abandonada que não oferece condições de lazer a seus dois filhos. “As crianças brincam na rua, É perigoso, mas é o único jeito”, reclama. A falta de áreas para entretenimento é um dos pontos que mais incomoda a população.