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OMS anuncia coronavírus em estágio de pandemia

Termo passa a ser usado porque vírus é considerado doença global; 118 mil pessoas já foram diagnosticadas em 114 países

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
12/03/2020 | 00:01
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Cruz Vermelha/Divulgação


A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou, na tarde de ontem, o novo coronavírus (Covid-19) em estágio de pandemia, classificado como doença de transmissão global. Ainda de acordo com a entidade, atualmente são mais de 118 mil pessoas diagnosticadas com o vírus em 114 países, entre as quais 4.291 morreram. Até o fechamento desta edição, havia 69 casos confirmados no Brasil. Apenas ontem, o Hospital Israelita Albert Einstein, localizado na Capital, registrou 16 novos pacientes infectados. O Ministério da Saúde divulgou que monitora 907 casos suspeitos, mas já descartou 935 análises, que deram negativo para o Covid-19.

No Grande ABC, apesar de não ter sido confirmado nenhum caso, o cenário também é alarmante. Quatro das sete cidades apresentam pacientes com suspeita da doença, sendo cinco em Santo André, sete em São Bernardo, seis em São Caetano e três em Diadema. Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não apresentaram nenhum registro. 

Diante da situação, especialistas da região destacam a diferença entre pandemia e o antigo estágio do Covid-19, a epidemia. Segundo o epidemiologista e docente no curso de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Davi Rumel, é considerado pandemia quando o vírus já avançou mais de um continente, em característica global, já a epidemia ainda é localizada em regiões, podendo ser contida no próprio local. “Atualmente, cada país está sofrendo um momento diferente do vírus e, diante disso, as medidas precisam e devem ser tomadas e monitoradas. A China, por exemplo, país que desencadeou o vírus, já está em curva decrescente dos casos suspeitos e confirmados. Já outros lugares, ainda nem começaram a registrar”, pontua. 

Outro aspecto que Rumel destaca são os cuidados com pacientes suspeitos ou confirmados dentro de cada cidade. “Se começarmos a perceber transmissão da doença e esses novos pacientes não apresentarem contato com pessoas que chegaram de lugares com alto índice da doença ou não ter viajado há pouco tempo, as medidas já terão que ser pensadas em outro nível, o que não basta apenas isolar, são necessárias outras barreiras para diminuir esta transmissão. Mas esse caso, ainda não foi localizado, pelo menos na região”, observa.

Já o docente em infectologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Olavo Leite acredita que, futuramente, a pandemia do vírus vai transformar as regiões em endêmicas, ou seja, regiões que sempre vão apresentar pelo menos um caso da doença. “A característica vai ser parecida com a Influenza B, por exemplo. E hoje, podemos citar a Itália, que já adquiriu essa característica pelos casos confirmados apresentados em menos de três semanas”, aponta.

Para tentar conter a multiplicação no Brasil, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), disse ontem que o Congresso Nacional deve liberar R$ 5 bilhões, via emendas feitas ao orçamento, para o enfrentamento ao novo coronavírus. O valor é parte dos cerca de R$ 15 bilhões que serão indicados pelo relator do orçamento, o deputado Domingos Neto (PSD-CE). 

Thiago Auricchio protocola projeto de lei para dificultar futuras transmissões

O deputado estadual Thiago Auricchio (PL) protocolou na Assembleia Legislativa o projeto de lei 69/2020, que institui a política de sanitização – conjunto de procedimentos que eliminam e impedem a proliferação de microorganismos, adotada, por exemplo, pelas indústrias alimentícias – de ambientes com objetivo de evitar a transmissão de doenças infectocontagiosas, a exemplo do coronavírus. Iniciativas parecidas vigoram no Distrito Federal e em Goiás. 

“Precisamos promover políticas públicas que enfrentem a enfermidade de todas as formas possíveis. É uma proposta que coincide com o momento que estamos vivendo, mas que também deixa um legado para o futuro, cujo principal foco é reduzir a proliferação de novas doenças”, explica. 

Pela proposta, todos os locais fechados de acesso coletivo, públicos ou privados, climatizados ou não, deverão realizar a sanitização. O texto prevê que o processo compreenda o tratamento de todos os ambientes, incluindo paredes, tetos, pisos e mobiliários. Thiago Auricchio afirma que a limpeza comum tem efeito de apenas algumas horas, enquanto o procedimento proposto reduz efetivamente o número de microorganismos que apresentam risco à saúde.

USP e PUC confirmam três casos de estudantes infectados

A USP (Universidade de São Paulo) e a PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) confirmaram ontem os primeiros casos de coronavírus entre estudantes das instituições. Trata-se de um aluno de geografia na universidade estadual e dois na faculdade particular, que não revelou quais cursos eles fazem parte.

A FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) afirmou que está levantando o histórico de circulação do estudante pelo campus para definir as próximas ações. A universidade estadual, frequentada por cerca de 105 mil pessoas diariamente, entre alunos, professores e funcionários, suspendeu as aulas do departamento de geografia ontem. 

A instituição afirmou que manterá as aulas e demais atividades paralisadas enquanto aguarda a manifestação da superintendência de Saúde da USP e do centro de gestão do coronavírus no Estado, que irão estabelecer os protocolos necessários.

Já a PUC-SP garante que os dois estudantes diagnosticados não frequentam a universidade desde o dia 4. Segundo o comunicado divulgado no site da instituição, a reitoria está em contato sistemático com a Vigilância Sanitária, que manteve a recomendação de que as atividades fossem mantidas. “Evite boatos”, orientou a nota.

DISTRITO FEDERAL - Ibaneis Rocha (MDB), governador do Distrito Federal, determinou a suspensão das aulas da rede pública e eventos públicos, tais como missas e shows, por cinco dias, visando evitar o avanço do Covid-19. O decreto deve ser publicado hoje no Diário Oficial.

Saúde abre dois editais do Mais Médicos em razão do Covid-19

O Ministério da Saúde publicou ontem dois editais de chamamento público para a contratação de médicos, no âmbito do Projeto Mais Médicos para o Brasil, com foco em ações do plano de contingência nacional para infecção humana pelo coronavírus. 

Um dos editais é para médicos formados em instituições de educação superior brasileiras ou com diploma revalidado no Brasil para adesão ao programa por um ano. O outro chamamento visa renovação da adesão ao projeto também pelo período um ano. O chamamento atende a municípios de todos os perfis e ao Distrito Federal. 

As inscrições deverão ser feitas por meio do Sistema de Gerenciamento de Programas, acessível no site do Mais Médicos.




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