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Ataque cibernético afeta fluxo de caixa

Empresas da região sofrem consequências após Prosegur anunciar falha no sistema operacional

Por Evaldo Novelini
Yara Ferraz
Do dgabc.com.br
30/11/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Empresas que movimentam grandes quantidades de dinheiro em espécie, algumas delas com endereço no Grande ABC, enfrentam desde a quarta-feira dificuldades com o fluxo de caixa por causa de falha no sistema operacional da Prosegur. A companhia de transporte de valores recolhe moedas e cédulas na sede dos clientes, mas não as deposita no sistema bancário, alegando que seus computadores sofreram ataque cibernético. A invasão a obrigou a suspender seus serviços para evitar a proliferação do vírus (leia mais abaixo). O problema causou transtorno, especialmente por ocorrer na semana de pagamento da primeira parcela do 13º salário a funcionários.

“Fala-se tanto desta questão de ataque cibernético, mas a gente nunca imagina que vai afetar realmente a nossa vida”, surpreende-se o empresário são-bernardense Luiz Eduardo Faria, do setor de postos de combustíveis. Cliente da Prosegur, ele ficou sem receber o repasse durante 24 horas. “Imagino que empresas que não têm cofre conectado estejam em situação mais delicada”, prossegue. Supermercado de Santo André enfrenta dificuldades operacionais há dois dias, enquanto empresa de transporte público, também andreense, sofre há três.

A Prosegur confirma o problema, mas evita dar prazo para a solução. “A empresa continua implementando procedimentos de contenção e recuperação incluídos no plano de resposta a incidentes de segurança da informação”, afirma, por meio de nota. O ataque atingiu a sede da empresa, em Madri, na Espanha. Com isso, os sistemas da companhia ao redor do mundo, inclusive no Brasil, foram desativados.

Há relatos de que a situação piorou porque alguns bancos, como o Bradesco, se recusaram a receber os arquivos eletrônicos enviados pela Prosegur, que permitiriam a transferência de valores aos clientes, temendo que o vírus infectasse também os computadores do sistema financeiro. “Assim, o dinheiro saiu do meu cofre, mas não entrou na minha conta. E isso na semana do pagamento do 13º”, lamenta empresário andreense, que conversou com o Diário na condição de anonimato.

Empresários também se queixaram da falta de comunicação e explicação por parte da Prosegur. Em uma rede social da companhia espanhola, um deles reclamava ontem pela manhã: “Os depósitos ainda não estão sendo creditados e a empresa não responde e-mails nem atende as ligações telefônicas. A executiva da conta também é inacessível”. Em comunicado, a companhia alega que “restringiu as comunicações com seus clientes para evitar qualquer possibilidade de propagação” do vírus.

A equipe de reportagem questionou os principais bancos sobre o assunto. A Caixa diz ter tomado “medidas mitigadoras de forma a garantir o atendimento aos serviços prestados”. O Bradesco não quis se posicionar. A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirma que seus associados não relataram problemas referentes ao transporte de valores realizado pela Prosegur. “Também não foram registrados casos de desabastecimento de notas nas agências e caixas eletrônicos”, complementa, em nota.

Durante a sexta-feira, a equipe de reportagem flagrou carros-fortes da Posegur, utilizados para o transporte de valores da empresas, circulando pelas cidades do Grande ABC. 




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