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Com voto facultativo, só 2,3% dos munícipes iriam às urnas

Pesquisa da USCS indica que 57,7% do eleitorado da região não votaria se sufrágio fosse opcional

Por Fabio Martins
Do Diário do Grande ABC
04/11/2018 | 07:18
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Denis Maciel/DGABC


Caso o voto fosse facultativo no País, somente 2,3% dos moradores do Grande ABC relatam intenção de ir às urnas. É o que aponta pesquisa da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), realizada pouco antes do segundo turno da eleição de outubro. O questionamento referiu-se especificamente a qual decisão seria adotada pelo munícipe da região se o sufrágio no Brasil não fosse obrigatório. Segundo a Constituição Federal, o voto apenas não é compulsório para analfabetos e eleitores de 16 a 17 anos ou de 70 anos ou mais.

De acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), do total de 147 milhões de pessoas aptas a votar no pleito, 17,9 milhões se enquadram no voto facultativo, o que corresponde a 12% da parcela do eleitorado. O levantamento indica ainda que 57,7% dos entrevistados responderam que “não votaria” diante de eventual cenário opcional, assim como ocorre em diversos países, como Estados Unidos, Canadá e maior parte da Europa. Ou seja, mais da metade dos munícipes ficaria de fora do processo. Nesta sondagem, 40% alegaram que, em caso de mudança na legislação, “talvez votaria” ou “depende” das circunstâncias do momento.

Entre os que “não votariam” se o voto fosse facultativo, 87% disseram que acompanhou a campanha eleitoral “nada próximo” do dia a dia. No rol daqueles que “talvez votariam”, 72,6% responderam que acompanhava de forma intensa.

Pró-reitor da USCS e coordenador do estudo, Leandro Prearo considerou que o índice de 2,3% de pessoas que iria votar, independentemente das regras, representa “crise total do sistema” político. Para ele, esse número mostra o descrédito da população quanto às mudanças práticas do governo. “(O percentual) Consolida em termos de desconfiança. Apenas dois em cada 100 cidadãos sairiam de casa caso o sistema fosse facultativo. Isso tratando-se de região que, se não é berço, teve papel fundamental na redemocratização, a começar pelas greves, movimentos dos trabalhadores”, discorreu.

A sondagem foi feita nas sete cidades da região e abordou 1.140 pessoas. As entrevistas aconteceram entre os dias 15 de setembro e 19 de outubro.

MAIS LEVANTAMENTOS

Em outro quesito da pesquisa, 56,1% dos munícipes falaram que acha melhor “um presidente da República que não dê importância para os partidos”. Dentro deste aspecto, 36,3% disseram acreditar ser melhor “um presidente que seja identificado com um partido político” – 7,6% não souberam responder. Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente da República por um partido então considerado do baixo clero do Congresso.

Em percepção dos moradores da região ao serem indagados se o resultado das eleições influenciaria em seu dia a dia, quase metade dos entrevistados (49,6%) respondeu que a vida iria ficar igual. Nesse contexto, perto de um terço das pessoas (28,4%) afirmou que a vida podia melhorar, e 12,1% acreditam que deve piorar – 9,9% não souberam avaliar.

Outro ponto do estudo tratou se os políticos eleitos neste pleito são melhores, iguais ou piores que os atuais. Pouco mais da metade, ou 50,9%, mencionou que “são iguais”. Neste conceito, 23% consideram que “são melhores” e 16,1% que “são piores”. – 10% não sabe.

Prearo mencionou o livro Contra as Eleições, do historiador holandês David Van Reybrouck, ao referir-se a esse desgaste do sistema, a qual o escritor cunhou termo “síndrome da fadiga democrática”. “A avaliação é que, por vezes, o pleito não representa o que a população quer, então a pessoa deixa de votar e resultado torna-se, por assim dizer, ilegítimo”, acrescentou o pró-reitor. 




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