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Câmara Federal não teve cadeira feminina da região

Nenhuma mulher, desde a redemocratização, foi eleita deputada em Brasília; só 3 viraram estaduais

Fabio Martins
02/10/2018 | 06:54
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Ricardo Trida/Arquivo DGABC


A Câmara Federal, desde a redemocratização do País, em 1985, não viu representante feminina do Grande ABC. Apesar do aumento gradativo de sua participação nos processos eleitorais, conforme levantamento do Diário, nenhuma mulher, com reduto nas sete cidades, foi eleita diretamente deputada em Brasília neste período, e apenas três figuras políticas garantiram vaga direta na Assembleia Legislativa.

Em três pleitos sequenciais (1990, 1994 e 1998) houve, inclusive, hiato de mulheres da região em cargos eletivos, quando a tentativa de pessoas do sexo feminino não resultou em cadeiras tanto em âmbito estadual quanto na esfera nacional. A eleição de 1994 foi, curiosamente, a que mais registrou representação do Grande ABC, com 13 vagas, sendo cinco de deputado federal.

Na primeira eleição, pós-queda do regime militar, em 1986, a então primeira-dama de São Bernardo, Eni Galante, no MDB, se elegeu deputada estadual, com 46,5 mil votos, com ajuda do então prefeito Aron Galante. Depois do intervalo citado de 16 anos sem mulheres, Ana do Carmo (PT) alcançou adesão suficiente para conquistar espaço na Assembleia Legislativa, ao obter, em 2002, 67,7 mil sufrágios – também com domicílio em São Bernardo. Atualmente, a petista está no quarto mandato consecutivo.

A terceira mulher dentro deste quadro foi Vanessa Damo (MDB), filha do ex-prefeito de Mauá Leonel Damo. Ela se elegeu pela primeira vez parlamentar estadual em 2006, pelo PV, ao registrar 64,5 mil lembranças das urnas. Em 2010 e 2014, já pelo MDB, foi reeleita. Na última legislatura, no entanto, teve o mandato cassado pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo).

Na última eleição geral, portanto, Ana do Carmo e Vanessa Damo confirmaram renovação do mandato na lista regional ao lado de outros cinco nomes à Assembleia: Teonílio Barba, Luiz Fernando Teixeira e Luiz Turco, trio do PT, Orlando Morando (PSDB) e Atila Jacomussi (então no PCdoB e hoje no PSB). Os dois últimos quadros foram eleitos prefeitos, em 2016, de São Bernardo e Mauá, respectivamente. Ao Parlamento Federal, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT), e Alex Manente (PPS) asseguraram cadeira.

Para o pleito do próximo dia 7, nenhuma mulher do Grande ABC vai para a reeleição, tendo em vista a perda do mandato de Vanessa – e não poderá concorrer no páreo – e o fato de Ana do Carmo, desta vez, entrar na briga por vaga em Brasília. Entre os 126 candidatos do rol da região, 34 são mulheres. O perfil dos postulantes das sete cidades, como já mostrado pelo Diário, é amplamente masculino: 92 na disputa. Neste contexto, embora o cenário seja desfavorável, o quadro de pleiteantes femininas com campanha mais robusta tem a própria Ana do Carmo (a federal), Regina Gonçalves (PV, de Diadema, a federal) e a primeira-dama de São Bernardo Carla Morando (PSDB, a estadual).

O número baixo de representação chama a atenção justamente pela maior inserção de mulheres na política e também pelos incentivos fixados pela Justiça Eleitoral, que determinou regras para assegurar a participação feminina nas empreitadas, como cota mínima de 30% nas chapas proporcionais de partido, bem como índice de ao menos um terço do fundo eleitoral e também de tempo de TV. Os adicionais foram acrescidos após a constatação de as legendas utilizarem nomes somente de ‘laranjas’ no pleito, apenas para preencher o percentual obrigatório. 




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