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Diadema e Mauá aparecem entre cidades mais violentas do Estado

Estudo inédito analisou casos de homicídio, estupro e crime patrimonial em 138 cidades de São Paulo

Por Daniel Macário
30/04/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Estudo inédito produzido pelo Instituto Sou da Paz aponta que Diadema e Mauá estão entre as cidades mais violentas do Estado de São Paulo. O ranking é formado por 138 municípios paulistas com mais de 50 mil habitantes e, entre os critérios levados em conta para sua definição estão os registros de homicídios, latrocínios, estupros, roubos de veículos e de cargas – crimes que têm em comum a violência.

O objetivo da publicação é mensurar a sensação de segurança dos locais analisados e ajudar gestores públicos a traçarem estratégias. Para quantificar a insegurança dos locais, a organização não governamental voltada ao combate da criminalidade no País criou o IEVC (Índice de Exposição a Crimes Violentos).

Elaborado com base em estatísticas mensais apresentadas pela SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado, o estudo mostra que tanto Diadema quanto Mauá apresentam IEVC acima de 20 pontos. Quanto menor a taxa de exposição a crimes violentos melhor é a colocação da cidade no ranking.

Diadema apresenta o pior resultado da região, com média de 26,7 pontos e na 114º posição da tabela. Mauá, por sua vez, aparece em 79º lugar no ranking, com 22 pontos. As cidades apresentaram alta dos indicadores na comparação com as estatísticas em 2016 (confira arte abaixo).

A cidade de Lorena, no Vale do Paraíba, lidera o levantamento da organização não governamental e, com nota 54,4, ocupa o último lugar na lista. Em contrapartida, São José do Rio Pardo, também no Interior, é menos violenta do Estado – nota 8,3 e primeira posição no ranking.

Para o diretor executivo do Instituto Sou da Paz, Ivan Marques, os indicadores além de servirem de “termômetro” para a população referente aos crimes violentos em suas respectivas cidades, também possibilitam que municípios, em parceria com o Estado, definam estratégias para reverter este quadro. “O levantamento, de certa forma, norteia o trabalho das cidades no combate à violência”, explica.

A diferença de indicadores entre municípios do Grande ABC é citada. “Mesmo (as cidades) estando próximas, percebemos uma diferença. Com base nisso, órgãos responsáveis podem analisar quais são as características diferentes em cada município para alinhar trabalho conjunto”, afirma Marques.

OUTRAS CIDADES
Santo André aumentou seu indicador de exposição – de 26,1 para 26,7 – entre 2016 e 2017. Na 55º posição, Ribeirão Pires, por sua vez, aparece entre os destaques com queda expressiva dos indicadores. Em 2016, o município tinha taxa de 22,2. Já no ano passado, o indicador foi de 18,9.

Mapeamento de crimes ajuda policiamento em São Caetano
A análise minuciosa de boletins de ocorrências registrados em São Caetano tem sido uma ferramenta importante no combate ao crime no município, apontado pelo estudo feito Instituto Sou da Paz como o mais seguro do Grande ABC. “A partir de mapeamento conseguimos identificar, por exemplo, onde ocorrem os principais casos de roubo de veículos e, em cima disso, direcionamos patrulhamento para a área”, explica o capitão Rodrigo Rocco Razuk Maluf, comandante da 3ª Cia do 6º Batalhão da Polícia Militar. Em março, o município apresentou queda no número de ocorrências de roubo de veículos (-48,39%) e roubo em geral (-42,86%) em comparação ao mesmo período de 2017. 

SSP diz investir na Segurança da região, mas critica levantamento
A SSP (Secretaria da Segurança Pública), por meio de nota, afirmou investir na infraestrutura das policias Civil e Militar da região na tentativa de reduzir os indicadores criminais. Contudo, a Pasta fez críticas ao levantamento ao “desaconselhar o ranqueamento de unidades policiais ou mesmo municípios apenas pela utilização de indicadores criminais, sem levar em consideração características geográficas, sazonais e sociais, por exemplo”. 

De acordo com a Pasta, desde 2011 foram contratados para as cidades da região do Grande ABC 2.108 policiais civis e militares, e investidos R$ 16,4 milhões em 245 viaturas que foram distribuídas nos municípios. 

Em nota, a SSP ressalta que as ações conjuntas das polícias Civil e Militar possibilitaram a redução de 8,1% nos crimes de roubos em cinco municípios da região (com exceção de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), na comparação entre os anos de 2016 e 2017. Nos crimes de latrocínio, a redução de 40% foi ainda mais significativa.

“Quanto aos crimes de estupro, a SSP ressalta que são realizadas campanhas em parceria com diversos órgãos que incentivam o registro formal das ocorrências, o que contribui para a redução da subnotificação. Todos os policiais são devidamente capacitados pelas escolas de formação para dar o melhor atendimento possível à vítima.”

Grande ABC tem deficit de policiais; governador promete reforço, sem prazo
Após o Diário denunciar a defasagem de policiais militares no Grande ABC, o governador do Estado, Márcio França (PSB), promete reforçar o efetivo, no entanto, diz que a “necessária valorização” da corporação – com reajuste de salários e contratações – não pode ser realizada no momento, tendo em vista o ano de eleição.

A região tem metade do efetivo de PMs considerado ideal pela ONU (Organização das Nações Unidas). A entidade internacional preconiza a existência de um agente para cada grupo de 250 indivíduos, no entanto, entre as sete cidades, a proporção é de um PM para 482 habitantes. São 5.600 policiais distribuídos em seis batalhões entre as sete cidades atualmente




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