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Demanda reprimida de consultas e exames em Diadema explode

Em um ano, volume de pacientes à espera de serviços cresceu de 7.325 para 71.963

Por Daniel Macário
02/04/2018 | 07:05
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Denis Maciel/DGABC


Dados obtidos com exclusividade pelo Diário, via Lei de Acesso à Informação, mostram crescimento de dez vezes no número de pacientes na fila de espera por consultas e exames na rede pública de Saúde de Diadema no ano passado, na comparação com 2016 (veja na arte abaixo os dez procedimentos com maior demanda). 

Segundo planilha divulgada pela Secretaria de Saúde da cidade, o volume de pedidos à espera de agendamento na Pasta cresceu de 7.325 para 71.963 casos entre dezembro de 2016 e o mesmo mês de 2017. Ou seja, em 12 meses, o índice de pacientes no aguardo por atendimento disparou.<EM>

Reflexo da grave crise instalada na rede pública de Saúde de Diadema, a explosão da fila de espera pelos serviços ocorreu justamente no ano em que o prefeito Lauro Michels (PV) interrompeu o pagamento de serviços prestados pela empresa Fidi (Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem), responsável pela realização de exames por imagem no Quarteirão da Saúde.

Desde o ano passado, após o calote nos pagamentos, a empresa decidiu interromper a prestação de serviços e retirou os equipamentos e funcionários terceirizados do local. No entanto, até agora não houve solução para o problema.

O resultado do impasse tem sido o aumento expressivo de pacientes na fila de espera por consultas e exames. “A situação está cada vez mais crítica. Só Deus para nos ajudar”, afirma a auxiliar de produção Maria de Lourdes Moises da Silva, 58 anos.

Afastada do trabalho desde 2004 em virtude de tendinite, Maria conta que esperou oito meses para passar com o ortopedista na rede pública da cidade. No entanto, a consulta praticamente não serviu de nada. Isso porque, os exames pedidos pelo especialistas no ano passado sequer foram agendados ainda. “Ele pediu em setembro do ano passado um raio X e também ultrassom. Até hoje estou esperando eles agendarem”, afirma.

Situação semelhante foi enfrentada pela dona de casa Maria de Fátima de Almeida, 50, que conseguiu somente na quarta-feira mostrar o resultado de um eletrocardiograma realizado no ano passado para seu médico vascular. “Fiz o exame em junho de 2017, mas só semana passada que me ligaram para retornar com o médico. Nem sei se esse exame tem mais validade”, desabafa.<EM>

O caos instalado em Diadema é tão crítico que até mesmo uma simples radiografia tem demandado espera de até um ano a pacientes da cidade. Segundo a Prefeitura, hoje, 15.833 pessoas aguardam o agendamento do exame. Em 2016, este índice era de apenas 374 pessoas. 

Embora o cenário seja alarmante, o prefeito Lauro Michels, à frente do Parque do Paço há cinco anos, não dá sinai de que a situação será resolvida. O resultado do impasse é que até mesmo a fila de espera por consulta tem crescido em ritmo acelerado. Em algumas especialidades, como é o caso de dermatologia, a espera chega a ser de um ano e meio.

Só para se ter ideia, a espera por consulta com médico especialista de plano de saúde não pode levar mais de 14 dias, segundo regra da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). A União, no entanto, não estabelece limites para a espera de atendimento no SUS (Serviço Único de Saúde).

Sem previsão para solução do impasse, funcionários da área de Saúde da Prefeitura têm sugerido que pacientes recorram à rede privada. “Não temos previsão para atendimento de exames. O que sugerimos é pagar para realizar na rede particular, caso contrário você pode deixar o pedido em nossas unidades e aguardar até ser chamado”, disse, na quarta-feira, atendente do Quarteirão da Saúde, que não quis se identificar.

Assim como tem feito desde o ano passado, no início da segunda gestão do prefeito Lauro Michels (PV), a Prefeitura de Diadema não retornou aos contatos da equipe de reportagem até o fechamento desta edição.

Demais prefeituras apostam em mutirões

Na contramão de Diadema, outros municípios do Grande ABC têm apostado desde o ano passado na realização de mutirões e parceria com a iniciativa privada para redução da fila de espera por consultas e exames na rede pública. 

Em Santo André, o recurso utilizado pelo município foi trocar dívidas de equipamentos da rede privada de Saúde por exames e consultas. Até o fim do ano passado, 85 mil atendimentos foram realizados na cidade com o projeto.

No caso de São Bernardo, além de diminuir a fila de espera por consultas e exames, o município também conseguiu no mês passado acabar com a demanda reprimida por cirurgias eletivas.

São Caetano, por sua vez, reduziu pela meta a fila de espera da Saúde. 




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