A nomeação de Cida Damaia para a diretoria executiva de qualidade da FUABC (Fundação do ABC) é vista com estranheza pela classe política de Santo André, apesar de poucos externarem sua posição a respeito do caso.

Cida presidiu a FUABC no ano passado, sob indicação do ex-prefeito andreense Carlos Grana (PT, 2013-2016). Depois que deixou o comando da entidade, foi cotada para assumir a direção do Hospital Irmã Dulce, na Praia Grande, em substituição a Marco Antônio Espósito, que foi afastado do posto por determinação da Justiça, mas a indicação não avançou.

A equipe do Diário entrou em contato com diversos personagens da política da cidade para falar sobre o regresso de Cida Damaia aos quadros de destaque da FUABC. Raros foram os que comentaram abertamente.

Nos bastidores, há quem vê com preocupação a indicação de Cida por causa de sua ligação com o PT – hoje a Prefeitura de Santo André é administrada pelo tucano Paulo Serra, que indicou Maria Bernadette Vianna para a chefia da FUABC. Há o temor de manutenção de influência do petismo na entidade regional de orçamento bilionário – R$ 2,2 bilhões previstos para este ano. Curiosamente, Paulo Serra efetivou a demissão de 1.000 servidores da FUABC sob alegação de proximidade com o PT.

Na opinião do vereador Willians Bezerra (PT) – um dos poucos a falar sobre o episódio –, a volta de Cida para a região pode ser atribuída à experiência da médica em cargos públicos. “Ela tem 30 anos de carreira e já ocupou funções importantes em diversas cidades.”

A Prefeitura de Santo André, por sua vez, não comentou o assunto. Já a FUABC afirmou, por meio de nota, que a escolha “foi baseada em critérios técnicos”.

O Diário apurou nesta semana que o regresso de Cida teria sido um pedido do ex-secretário de Governo Arlindo José de Lima (PT), requisição essa feita durante as reuniões de transição de governo, no fim do ano passado. Cida teria direito a ficar neste ano como presidente da FUABC, mas aceitou renunciar ao cargo a pedido de Paulo Serra.

Ao ocupar a nova vaga, Cida receberá R$ 23.324,70 por mês, remuneração maior do que o salário da própria atual presidente da FUABC e superior à remuneração que tinha no comando da entidade, de R$ 7.841,75 – os valores são os mesmos porque ambas atuaram como adjuntas na Secretaria de Saúde em Santo André.

A ex-secretária adjunta da gestão Grana também teve o nome especulado para substituir Ricardo Carajeleascow na superintendência do Complexo de Saúde de Mauá, que inclui o Hospital Doutor Radamés Nardini. A nomeação não avançou porque o governo do prefeito Atila Jacomussi (PSB) freou a indicação.