Enquanto as multinacionais ganham direitos cada vez maiores, milhões de mulheres que participam da cadeia de produção voltada para exportação ganham baixos salários trabalhando em condições precárias. A conclusão é do estudo denominado ‘Mais por Menos’, divulgado pela Oxfam — organização internacional que trabalha com projetos de desenvolvimento e ajuda humanitária.

A coordenadora em Honduras da Oxfam, Sonia Cano, que trabalhou na produção do relatório, explicou que os tratados facilitam a chegada de empresas multinacionais, que instalam no país indústrias de montagem rápida – as chamadas maquilladoras. Nestas empresas, violações trabalhistas são comuns.

De acordo com Sônia, “depois de oito anos trabalhando numa maquilladora, as mulheres não estão mais aptas para trabalhar em lugar nenhum. Desenvolvem surdez precoce, por conta do barulho das máquinas, doenças pulmonares, pelo ambiente fechado, e lesões por esforço repetitivo”. A coordenadora acrescentou ainda que estas empresas contratam apenas jovens de até 25 anos, porque são mais “dóceis”, uma vez que “vem do campo, não tem experiência de organização e temem reclamar dos abusos sexuais de que são vítimas”.

Segundo informações da Agência Brasil, a ministra da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, Nilcéia Freire, tocou no assunto durante o Fórum da Sociedade Civil, que ocorre junto com a 11ª Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento. Ela disse que “a influência destes tratados comerciais (internacionais) para as mulheres tem sido uma preocupação. Essa é uma pauta que ainda não foi absorvida pelos movimentos femininos”.