Esportes Titulo Tragédia na Colômbia
Áudio revela pedido de pouso e problema com combustível

Trecho de conversa do piloto Miguel Quiroga com torre de controle em Medellín é divulgado

Felipe Simões
Do Diário do Grande ABC
01/12/2016 | 07:00
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Áudio divulgado ontem pela rádio colombiana Blu Radio revela os últimos contatos de Miguel Quiroga, que pilotava o Avro RJ85 que levava, entre outros, a equipe da Chapecoense de Santa Cruz da la Sierra, na Bolívia, para Rionegro, próximo a Medellín, na Colômbia, com a torre de controle do Aeroporto José María Córdova. O trecho de 11 minutos mostra que o piloto avisou estar sem combustível e solicitou permissão para pousar – o primeiro pedido ocorreu após dois minutos do trecho.

“Solicitamos prioridade para a aproximação, estamos passando por um problema com combustível”, relatou Quiroga.

Após alguns segundos, uma controladora de voo nega permissão e avisa que a próxima janela de pouso seria em sete minutos, pois outra aeronave estava enfrentando problemas.

Depois, com cinco minutos de gravação, ouve-se Quiroga novamente alertando para o problema. “Necessito pousar imediatamente”, fala o piloto, já com preocupação na voz.

Com nove minutos de áudio, Quiroga faz outro apelo: “Senhorita, LaMia 2933 (avião) está em falha total, falha elétrica total, sem combustível”. E só então que a controladora permite o pouso: “Pista livre e com chuva sobre a superfície, LaMia 2933. Bombeiros de prontidão”, afirma.

Na sequência, Quiroga pede as coordenadas de pouso, o que lhe é passado. “Não o tenho na altitude (correta)”, avisa a controladora, ao que o piloto responde: “Nove mil pés... Vetores, vetores!”. “Está a 8,2 milhas (13 quilômetros) da pista”, avisa a controladora. “Jesus!”, grita o piloto. “LaMia 2933, posição?”, pergunta ela, sem resposta.

Ao jornal boliviano Página Sete, Gustavo Vargas, diretor da LaMia, admitiu que o plano inicial previa o reabastecimento da aeronave – a autonomia era de 2.965 quilômetros, quando a distância entre os aeroportos era de 2.975 quilômetros em linha reta –, mas que o piloto decidiu não fazê-lo. “Não conseguimos repor o combustível em Cobija (fronteira com o Brasil). Estávamos atrasados e Cobija não trabalha à noite. Ele (piloto) tomou a decisão de não parar porque pensou que o combustível daria”, afirmou.

Ontem à noite, a Aeronáutica Civil, que administra o setor na Colômbia, confirmou que o avião voava com menos combustível do que o mínimo exigido pela lei, o que teria causado a ‘pane seca’ e provocado a queda.




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