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Vegetação alta e acúmulo de lixo em piscinões elevam risco de enchente

Oito reservatórios da região têm má conservação;
especialistas criticam a ausência de manutenção

Daniel Macário
do Diário do Grande ABC
15/11/2016 | 07:07
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Denis Maciel/DGABC


Às vésperas da temporada de chuva, o acúmulo de vegetação e assoreamento em piscinões do Grande ABC têm colocado em xeque a plena eficiência dos reservatórios no combate às enchentes. Ao menos oito dos 19 tanques da região, que recebem manutenções periódicas do Daee (Departamento de Água e Energia Elétrica), apresentam situação de abandono. Segundo especialistas, o cenário observado nos locais é um sinal de alerta para futuras tragédias na região.

Embora o Daee afirme que o “conjunto de piscinões do (Grande) ABC encontra-se em situação operacional”, visita feita ontem pelo Diário em oito reservatórios da região mostrou cenário totalmente contrário do que relata o órgão estadual, assim como ocorreu em outras avaliações feitas pela equipe de reportagem neste ano.

O piscinão Canarinho, localizado na Vila São Pedro, em São Bernardo, é um retrato claro da má conservação dos reservatórios na região. Não bastasse o acúmulo de sujeira excessiva próximo de suas grades de escoamento, o local também virou abrigo para moradores de rua.

Dentro de suas dependências, uma barraca com alto volume de entulho ao seu redor e vestimentas de um casal mostra que o local está completamente abandonado. “Nos quatro meses que trabalho aqui nunca ninguém veio cortar o mato ou fazer qualquer outra manutenção”, relata um segurança do reservatório que não quis se identificar.

A mesma situação é observada no piscinão do Paço de Mauá que, embora fique na região central da cidade, também tem vegetação alta em todo o seu espaço.

O cenário se repete em piscinões espalhados por Santo André, São Bernardo e Diadema. Em todos os pontos visitados pelo Diário (confira a lista completa ao lado), a vegetação alta e acúmulo de lixo foram constatados.

“O cenário observado no Grande ABC, assim como toda Região Metropolitana de São Paulo, só mostra a irresponsabilidade dos governantes em não realizarem a manutenção dos reservatórios regularmente. Desde 2000 eles só investem em piscinões. Isso não adianta. É necessário que governo estadual e prefeituras ampliem canais e invistam em projetos de micro e macrodrenagem, caso contrário no próximo ano vamos sofrer com as enchentes registradas em 2009 e 2010”, avalia Júlio Cerqueira César Neto, engenheiro civil e especialista em recursos hídricos e saneamento.

Embora avalie, de modo geral, a importância dos piscinões, o especialista acredita que a falta de manutenção dos reservatórios da região tem anulado a eficiência dos espaços. “Do que adianta um reservatório com vegetação alta e sem limpeza. Na prática, ele não está 100% preparado para receber a chuva. A manutenção precisa ser constante. Choveu, limpa.”

Para o professor de Engenharia Hídrica do Mackenzie, Eduardo Giansante, é necessário que os governantes invistam em planos permanentes. “Precisa não só realizar a limpeza dos piscinões, mas também pensar em pequenas piscinas em áreas pontuais com chuva intensa, assim como na conscientização das pessoas que hoje acham que rio é o local para descarte de lixo”, avalia. 




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