Fim da contagem regressiva. Para quem é simpatizante de David Bowie e de Nirvana, e se considerava jovem demais para confessar-se fã, o trio Placebo está em São Paulo. Faz show único, nesta quarta-feira à noite, no Credicard Hall. Os britânicos Brian Molko, Stefan Olsdal e Steve Hewitt já visitaram Recife, Salvador, Porto Alegre, Florianópolis e Brasília e, após a performance paulistana, encerram a turnê tupinambá com uma apresentação no Rio, sexta-feira (dia 29).

A vinda do Placebo para o Brasil é obra do festival Claro que É Rock, que providenciou um concurso de bandas nacionais como antepastos musicais. E não é que entre os músicos de abertura, selecionados junto a 2,3 mil grupos de todo o país, consta o Choldra, sexteto andreense que lançou há pouquíssimo tempo seu primeiro disco! Com direito a 20 minutos sobre o palco, Palmer (bateria), Ulisses (voz), Tato e Vinícius (guitarras), Rodrigo (DJ) e Danilo (baixo) tentarão destrinchar o bojo desse álbum único, em composições como Além da Cor, Casulo e Contra Tudo. O Choldra será a segunda atração da noite, precedido por Ladz e seguido por Imperdíveis, Motora e Supersonyca.

Após o palco ter sido musicalmente encerado chega a vez de o Placebo assumir. A incumbência é clara: transmitir ao vivo um som que absorve David Bowie (apesar das bravatas contrárias do vocalista Molko, em entrevistas promocionais pelo país), o hardcore e o grunge de Seattle. Além disso, dá, vez ou outra, umas narigadas no modo Sonic Youth de executar rock’n’ roll. O trabalho do trio é bacana, audível (coisa rara hoje em dia) e até contagiante; não é, todavia, a cavalaria do rock, como afirmam insistentemente setores da crítica especializada.

Com seu visual anoréxico/andrógino, Molko (voz e guitarra), Olsdal (baixo) e Hewitt (bateria) soam em estúdio como se o mundo estivesse por um fio, com a bomba H tiquetaqueando na esquina. Ao vivo, essa energia deverá se amplificar durante a execução, por exemplo, do hit maior Pure Morning e do restante do repertório, que incluirá boa parte das 19 faixas selecionadas para a recém-lançada Once More With Feeling, coletânea oficial cuja cobertura compreende os anos entre 1996 e 2004 e os quatro discos de carreira do Placebo.

Afora Pure Morning, espera-se do trio amostras de Teenage Angst, da paulada Nancy Boy, de Every You Every Me, e mais Special K, Taste in Men, Black-Eyed e Protège Moi. E torça para que o set list comporte também a inédita I Do, música que descarta a guitarra e entrou para a história do Placebo como sua primeira composição a falar em felicidade e amor sem pender para a depressão. É de levantar poeira, como diria Ivete.