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‘Estou à disposição do PSDB para disputa em S.Paulo’

Presidente da Assembleia Legislativa e deputado estadual com a maior votação do Estado em 2014 – 306.268 votos –, Fernando Capez afirma que, se o PSDB quiser, ele está à disposição para ser candidato a prefeito em 2016, para impedir a reeleição de Fernando Haddad (PT).

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
14/08/2015 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Presidente da Assembleia Legislativa e deputado estadual com a maior votação do Estado em 2014 – 306.268 votos –, Fernando Capez afirma que, se o PSDB quiser, ele está à disposição para ser candidato a prefeito em 2016, para impedir a reeleição de Fernando Haddad (PT).


Em visita ao Diário, o tucano lista e elogia outros nomes na disputa interna, mas admite que pode pleitar o posto caso haja desejo partidário. Entre os militantes citados estão o vereador Andrea Matarazzo, o empresário João Dória Jr. e o deputado federal Bruno Covas.

“Eu estou avaliando. Se vier a ser uma opção para o partido, se o partido entender que tenho nome forte para disputar, que posso representar bem na eleição para prefeito, estou à disposição do partido. Mas considero todos esses muito bons nomes”, avalia.

Capez faz balanço de seu trabalho à frente da Assembleia Legislativa e diz que missão principal é trazer protagonismo à Casa, sem subserviência ao Executivo. “Se você tomar táxi e ir para a Assembleia vão lhe deixar na Câmara de São Paulo.”

O deputado também se mostra contrário ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) no panorama atual, ponderando que não há elementos para tirá-la do poder. “Não defendo uma derrubada política de um governo que vai mal.”

CONFIRA ENTREVISTA ABAIXO

Qual balanço o sr. faz de sua atuação à frente da Assembleia Legislativa?
Sem dúvida é difícil porque se torna gestor de Orçamento considerável, maior do que muitos municípios (R$ 1 bilhão ao ano), mas é prefeito com 93 outros prefeitos juntos. Todas decisões são colegiadas, há mesa diretora dos trabalhos, com os outros colegas deputados. Assumi a Assembleia com missão de resgatar o protagonismo do Poder Legislativo, tornar a Assembleia Legislativa mais conhecida – porque é pouco conhecida. Se você tomar táxi e ir para a Assembleia vão lhe deixar na Câmara de São Paulo. A Assembleia também não está próxima da sociedade, tem atuação restrita. Não dá para falar em democracia quando na tripartição dos poderes um deles é quase inexistente e mero chancelador dos projetos do Executivo. A primeira bandeira foi ter eficiência, não dá para ser conhecido trabalhando pouco. Quando assumi a presidência havia 877 projetos parados na ordem do dia. Como toca uma pauta assim, com projetos e vetos travando? Construímos grande pacto entre os deputados, independentemente de partido ou cor de camisa. Foi pacto pelo Poder Legislativo e, assim, reduzimos a pauta para 117 projetos, em quatro meses. Aprovamos 24 de 26 projetos encaminhados pelo Executivo, dentre eles a Lei dos Desmanches, a PEC das Instâncias Turísticas e o bloqueio do Imei para inibição de roubo de celulares.

Houve alguma mudança de gestão que o sr. implementou na Assembleia?
Colocamos aspecto de eficácia na Assembleia. Produzimos leis, funcionamos a 1.000 km/h. Mas como essas leis mudarão a vida das pessoas? Estruturamos uma ouvidoria, prestes a começar a funcionar, que receberá seis tipos de reclamações: Saúde, Segurança, Educação, Transporte, direito do consumidor e Meio Ambiente. Teremos grupos de dois ouvidores por tema, com dever de comunicar fatos ao NAE (Núcleo de Ação Estratégica), que é coordenado por um delegado de polícia que trabalhava na administração pública. Vamos fiscalizar as nossas leis, se pegaram ou não.

Como a Assembleia Legislativa observa a crise econômica brasileira e de que maneira os problemas financeiros do País afetam a estrutura da Casa?
Precisamos ter equilíbrio entre gestão responsável e eficiente e os reclames da sociedade. Os servidores têm direito a reajuste da data-base, há necessidade de readequação do teto dos servidores, que hoje seguem teto do governador. São questões importantes nos direitos dos servidores. Pondero o seguinte: há momento para tudo. Temos de fazer, é dever fazer, mas também deve-se olhar a realidade social econômica e política, fazer (algum reajuste) no momento em que o País estiver numa fase melhor. Estou adotando período de vacância entre a aprovação da lei e a sua implementação. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) tem economizado o que pode. Havia deficit projetado de R$ 9 bilhões. O governador, em esforço enorme, reduziu para R$ 5 bilhões. Temos de colaborar. Mas com princípio da razoabilidade, com bom-senso.

Qual sua avaliação da administração da presidente Dilma Rousseff (PT)?
Acho que há crise ética, econômica e política, que resultam em crise de liderança, que é a mais grave de todas. A presidente está perdendo liderança do País e, ao perder a liderança, não exerce controle sobre o Congresso Nacional. Há risco de projetos serem aprovados que venham a comprometer o equilíbrio fiscal. Há risco de projetos importantes da economia não serem aprovados. Ao meu ver, essa crise decorreu de erros administrativos. Ao implementar linha ideológica na condução da economia, você reverte uma ciência que deveria ser exata. Se tenho necessidade de vender o litro de combustível a determinado preço, e se por razões ideológicas coloco preço artificialmente mais baixo, faço gestão político-demagógica. Isso leva a distorções lá na frente. O que essa administração trouxe de ruim é a excessiva polemização, a retórica, debates desnecessários sobre questões práticas, rápidas, óbvias. Faltou pragmatismo. A menor linha entre dois pontos, diz a geometria, é uma reta. Infelizmente passou a ser uma espiral.

O sr. defende o impeachment da presidente?
Eu defendo a legalidade. Defendo a continuidade das investigações da Operação Lava Jato, o trabalho do juiz Sérgio Moro. E, surgindo indícios da prática de crime ou improbidade administrativa na gestão, que seja cumprida a Constituição. Não defendo uma derrubada política de um governo que vai mal. Defendo, sim, surgindo argumentos jurídicos e técnicos, que se cumpra a lei e se instale processo de impeachment. Da minha origem, sou legalista. Penso que, neste exato momento, não há base legal para processo de impeachment. Quando se cumpre a Constituição, não se pode falar em golpe. Tudo que foge dos princípios constitucionais e da lei não deve ser cumprido.

Como o sr. vê os agentes políticos que se colocam como candidato na eleição na Capital? O apresentador José Luiz Datena se filiou no PP e quer ser candidato, o empresário João Dória Jr. colocou seu nome no PSDB...
O Datena é um self made man, homem que se fez sozinho. Lembro dele repórter de campo nos campeonatos de futebol e lembro quando ele começou, agora seu sucesso. Hoje ele representa a voz do povo. Tem todo direito de sair candidato. Qualquer tipo de ataque a essa candidatura é ilegítimo e revela certa arrogância e intolerância. O João Dória é craque na área de gestão empresarial. É homem lógico, prático, empreendedor e atento aos detalhes. O que faz diferença entre o profissional regular e o bom é a pessoa saber olhar os detalhes, e isso ele sabe. É bom nome para corrida eleitoral. Andrea Matarazzo, homem que foi secretário das subprefeituras (no governo de Gilberto Kassab, PSD), conhece bem a cidade, está preparado, quer ser prefeito, se preparou para isso, é bom nome. Há o Bruno Covas, deputado federal mais bem votado do PSDB, mais de 300 mil votos, tradição do nome da família, vem forte no cenário.

O seu nome não está nesta lista?
A gente não deve se colocar. Com todos que conversam comigo tenho estimulado (lançar candidatura à prefeitura). As pessoas têm direito de serem candidatas. Eu estou avaliando. Se vier a ser uma opção para o partido, se o partido entender que tenho nome forte para disputar, que posso representar bem na eleição para prefeito, estou à disposição do partido. Mas considero todos esses muito bons nomes. E também acho que o Fernando Haddad não é candidato morto. Ele, com toda máquina da prefeitura, com obras e ações que podem fazer, não pode ser descartado. Isso sem contar que o PMDB pode lançar (Paulo) Skaf, (Gabriel) Chalita ou Marta Suplicy (sem partido), que são competitivos.

O sr. descartou ser candidato a prefeito em Guarulhos?
Recebi apelos do partido para disputar a eleição para prefeito em Guarulhos. Foi feita pesquisa espontânea e meu nome apareceu com 12% lá. Não tenho obsessão em sair candidato a prefeito. Tenho obsessão em fazer benfeito o trabalho do momento. Estou tão envolvido com projeto de promover o Poder Legislativo, quero deixar esse legado ao lado dos meus colegas. Para mim, isso é mais importante do que qualquer tipo de candidatura. 




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