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Viagem no tempo pela porta do guarda-roupa
Por Mariana Trigo
Da TV Press
05/02/2008 | 07:03
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A figurinista Gogóia Sampaio voltou à juventude ao idealizar o guarda-roupa de Queridos Amigos, próxima minissérie da Globo. Para a trama de Maria Adelaide Amaral, que se passa em 1989 – mesmo ano que Gogóia começou sua carreira na emissora –, a figurinista se debruçou durante três meses na pesquisa sobre uma época que tem divertidas recordações estéticas. “Quem não se lembra do tênis Keds, das ombreiras enormes e das cores cítricas?”, provoca.

Palpites - Mas as referências mais chamativas do final da década de 1980 não poderiam ser representadas por meio dos atores na produção que estréia no próximo dia 18. Afinal, além da minissérie se passar em São Paulo, que nesta década teve influência inglesa – com roupas mais monocromáticas, carregadas nos matizes de preto – Gogóia não queria nada muito exagerado, que pudesse ser confundido com um figurino cômico. “Minha maior dificuldade foi encontrar o tom certo do período e de cada personagem. Como foi uma época que muita gente viveu, todo mundo quis dar opinião. Mas preferi colocar poucas referências, com idéias bem diluídas.”

Gogóia vasculhou livros, revistas de moda da época, internet e chegou a rever novelas que se passaram nesse período, como Vale Tudo, Top Model e Rainha da Sucata, por exemplo. “Vi ombreiras enormes, como as da Xuxa, que eram quase muros de contenção. Mas tem gente que usa ombreiras até hoje e fica bem, como a Fernanda Montenegro”, comenta.

Esse foi o ponto de partida para montar o estilo dos personagens de acordo com a personalidade de cada um, sem cair no estereótipo. Na escolha das roupas, a figurinista visitou diversos brechós com sua equipe composta por oito pessoas que se revezam na tarefa de preparar os atores antes de cada cena. Nos brechós, Gogóia arrematou 80% do figurino da trama. Os outros 20% foram montados com roupas confeccionadas pela própria emissora e através de grifes que reeditaram coleções da época, como a Andrea Saleto.

“O que realmente faz diferença são as roupas de brechó, porque elas têm uma vivência, têm história. Por serem usadas, trazem veracidade para os personagens", ressalta.

Apresentação - Com a intenção de não se dispersar do clima dos anos 1980 durante todo o trabalho, Gogóia teve a idéia de apresentar o projeto para a direção da emissora no formato de antigos álbuns de disco, com LPs de vinil. Tanto que ela preparou um exemplar para cada personagem, como uma espécie de catálogo, onde foram colados tecidos, fotos de revistas da época, croquis e demais referências estéticas que cada personagem deveria ter.

“Cada trabalho que apresento penso numa idéia nova em toda a concepção”, conta. Em Belíssima, que tinha um núcleo de moda, Gogóia apresentou o figurino de cada personagem como se fosse o catálogo de uma nova coleção de roupas. Já em Da Cor do Pecado, usou caricaturas para apresentar a indumentária, porque a novela tinha ritmo de história em quadrinhos.

Vingança - Nascida e crescida nos bastidores das filmagens de longas por ser filha de produtora de cinema, Gogóia sempre soube que iria trabalhar com moda.

Tanto que na adolescência até tentou ser vendedora de marcas famosas. “Nunca consegui ser chamada. Não me aceitavam. Me tornar figurinista foi minha vingança", brinca.

Na verdade, Gogóia começou de fato sua carreira quando conheceu Marília Carneiro, figurinista da Globo que a contratou como estagiária. O estágio durou três dias. No quarto, Gogóia já virou assistente de Marília.

“Era fã dela. Adorava o figurino de Dancin' Days, vibra Gogóia, que elege os vestidões de Vitória, personagem de Cláudia Abreu em Belíssima, como um de seus trabalhos preferidos. “Não foi fácil um figurino para tanto azul e branco que era o cenário da Grécia. Os vestidões resolveram porque eram peças inteiras. O figurino tem sempre de chamar menos atenção que o personagem. Ele só complementa, está a serviço da história”, observa.




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