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Inflação de setembro é a menor para o mês desde 1998

IPCA deflacionou em 0,04%, impactado pela queda nos preços de frutas e legumes; resultado mostra fraco desempenho econômico

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
10/10/2019 | 07:24
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Marcello Casal JR/Agência Brasil


A inflação oficial do País alcançou o menor patamar para o mês de setembro desde 1998, quando havia atingido -0,22%. Após 21 anos, o cenário de deflação se repetiu, desta vez em -0,04%. O desempenho do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do mês passado foi influenciado pela queda do preço dos alimentos, porém, segundo especialista, também reflete a baixa atividade econômica. No ano, o acumulado é de 2,49% e, nos últimos 12 meses, de 2,89%.

Os números foram divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esta é a primeira deflação desde novembro do ano passado, quando o índice chegou a 0,21%. No mês de agosto, a inflação atingiu 0,11% e, em setembro de 2018, havia sido de 0,48%.

“Aparentemente é uma boa notícia, porque quando se pensa em inflação baixa a gente sempre comemora, mas tem um fator gerador ruim. A partir do momento em que temos uma meta (atualmente em 4,25%), ela tem que ser cumprida, porque isso é um indício de que se está levando a sério (leia mais abaixo). O que acontece é que temos um pessimismo evidente em relação ao futuro, e mesmo as pessoas que estão empregadas têm receio de tomar decisões relacionadas a crédito, o que faz com que tenha uma deflação”, analisou o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero. “Ao contrário do que parece, não é bom, pois mostra um período longo de saída da crise e o quanto estamos debilitados”, completa.

O maior impacto negativo no IPCA (-0,11 ponto percentual) foi referente ao grupo de alimentos e bebidas, que deflacionou em 0,43%, após já ter apresentado retração em agosto (0,35%).

Isso porque a alimentação no domicílio (-0,70%) caiu pelo quinto mês consecutivo, com destaque para o tomate (-16,17%), a batata-inglesa (-8,42%) e a cebola (-9,89%). A última foi justamente a grande vilã da cesta básica do Grande ABC em julho, conforme reportagem publicada pelo Diário, custando 20,78% mais cara em relação ao mês anterior, com média de R$ 5,52 o quilo. Porém, a partir de setembro, a tendência era de queda, já que anteriormente o tipo que abastecia as prateleiras do mercado era a argentina, mais cara. “Os alimentos sofrem influência de uma série de questões que não são econômicas, e sim climáticas, e com certeza o mês de setembro foi favorável para a colheita, porque alguns produtos puxaram o índice para baixo”, afirmou Balistiero.

Já a maior queda foi no grupo de artigos de residência (-0,76%), que contribuiu com -0,03 ponto percentual no índice do mês. “Influenciado principalmente pelo comportamento dos preços de eletrodomésticos e equipamentos, e também dos itens de TV, som e informática”, disse o gerente do SNIPC (Sistema Nacional de Índices de Preços) do IBGE, Pedro Kislanov da Costa.

Balistiero explicou que a inflação é feita com base no preço de diversos grupos (habitação, higiene etc) em todos os Estados. Por isso, pode ser que o consumidor não sinta que os itens estão mais baratos. “O índice é uma média, mas não significa que todos os preços caíram”, disse.

Com a desaceleração, o IPCA fica ainda mais longe da meta definida pelo governo, de 4,25%. De acordo com Balistiero, a expectativa é que agora taxa básica de juros, a Selic (em 5,5% ao ano, o menor índice da história), também sofra ainda mais redução. “Atualmente, trabalhamos com uma perspectiva muito mais próxima de 3% (para a meta). Isso abre margem importante que é a queda de Selic. Não faz o menor sentido mantê-la como está hoje, ela deve baixar a 4,5% a 4,75% ao ano, o que vai provocar várias mudanças no mercado financeiro.”




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