Impulsionada pela estabilidade cambial e recuperação econômica mundial, a Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores) anunciou ontem em São Paulo o emplacamento de 105.858 unidades em 2010, crescimento significativo de 144,1% em relação ao ano anterior, quando foram vendidos 43.365 veículos.

Tal vigor garantiu às importadoras oficiais 3,18% de participação de todo o mercado automotivo brasileiro, que encerrou o ano passado acima das 3,3 milhões de unidades - recorde histórico. Em 2009, por exemplo, a representatividade da Abeiva foi de apenas 1,44%.

O mês de dezembro foi a confirmação da boa fase das marcas que não possuem fábricas aqui no País. Ao todo foram emplacados 13.484 nos últimos 31 dias de 2010, 39,6% a mais que em novembro do mesmo ano, quando foram vendidos 9.656 automóveis, e 135,8% mais que em dezembro de 2009 (5.719).

De acordo com José Luiz Gandini, presidente da entidade e da Kia Motors, o recorde obtido em dezembro - melhor mês do ano - ocorreu em decorrência de ser a época em que as pessoas procuram trocar de carro, pois estão com mais dinheiro no bolso.

Para este ano, as estimativas da Abeiva são ainda mais otimistas. "Acreditamos que vamos atingir o patamar de 165 mil unidades", revelou Gandini, que alertou para a importância da política cambial que será adotada pela presidente da República, Dilma Rousseff, e o novo comandante do Banco Central, Alexandre Tombini. "Conversamos com algumas instituições financeiras sobre como o dólar deverá se comportar. Fala-se em R$ 1,80, R$ 1,90 e até R$ 2. Nós trabalhamos com a possibilidade de R$ 1,90", disse o presidente da Abeiva.

Marcel Visconde, presidente da Stuttgart Sportcar, importador oficial Porsche no Brasil, compartilha da mesma opinião. "Este ano será muito questionável. Não sabemos as medidas de restrição à queda do dólar", declarou. "O câmbio é absolutamente uma questão de futurologia", concluiu.

Nas vendas no atacado, a Abeiva emplacou 118.873 veículos, ficando apenas 670 unidades atrás do recorde histórico obtido em 1995, período em que o dólar estava ‘um para um'.