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Mães reclamam de transporte escolar

Alunos de escola estadual denunciam descumprimento de horários e itinerários programados

Thaís Moraes
para o Diário
26/03/2013 | 07:00
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Pais e alunos da EE Professora Francisca Helena Fúria, no bairro Recreio da Borda do Campo, em Santo André, estão indignados com as condições do transporte escolar oferecido. Desde o dia 18, o serviço passou a ser prestado pela empresa Bonauto, em substituição à viação Benfica. A mudança ocorreu após decisão judicial - a ação corria há cerca de dois anos.

 

Os problemas com a companhia começam pela sinalização. A maioria dos ônibus, micro-ônibus e vans não possuem letreiros para indicar a atividade escolar. O emplacamento não apresenta cor vermelha, que é obrigatória para carros comerciais. Motoristas e monitores não trabalham uniformizados.

 

"Não posso deixar minha filha entrar em uma van sem que eu saiba de onde ela vem. Eu venho buscá-la porque não confio em um serviço desses. Se algo acontecer, quem vai se responsabilizar?, protesta a babá Claudia Demetrio Illic, 41 anos, mãe de uma aluna de 12.

 

Um estudante do 2º ano do Ensino Fundamental reclama das irregularidades que ocorrem durante o trajeto. "A janela fica aberta e o pessoal fica com a mão e a cabeça para fora do ônibus. Não existe cinto de segurança e as monitoras não fazem nada para acabar com a bagunça".

 

Outro problema denunciado é o fato de os motoristas não respeitarem o itinerário. A dona de casa Rosângela Guarnieri de Souza, 44, levou um susto na terça-feira, quando o filho de 10 anos demorou mais do que o tempo habitual para chegar em casa. "Ele sai às 18h20 e normalmente chega às 18h45. Nesse dia ele só apareceu às 19h10. Eu perguntei o motivo e ele respondeu que veio a pé porque o motorista o havia deixado longe, alegando que onde a gente mora não dava para virar com o ônibus. O estranho é que a empresa anterior vinha sem problemas", compara.

 

Já a dona de casa Tatiane Lorena da Silva, 31, viveu situação ainda mais grave. Acostumada com a chegada do filho de 6 anos às 11h45, ela viu a van chegar sem o menino. Preocupada, foi até a escola, mas a diretora não tinha notícias. "Enquanto eu esperava, chegou uma outra perua trazendo ele. Na quinta-feira teve uma excursão até o zoológico e ele não quis ir porque ficou com medo de que acontecesse alguma coisa no caminho", lembra a mãe.

 

"A monitora fica conversando com o motorista e não cuida das crianças. Em dois dias eu vim em pé no ônibus. Antes isso não acontecia", lamenta uma aluna de 13 anos que também diz estar insegura com o serviço prestado.

 

 

Em uma das viagens, a menina utilizou o telefone celular para fazer imagens de buracos no interior de um coletivo. As fotografias foram mostradas à mãe e a colegas.

 

BENEFÍCIO

Podem ser atendidos pelo transporte gratuito alunos que residam em zona rural e estudantes que tenham de atravessar obstáculos como rios, lagos e rodovias para chegar ao colégio. O benefício também é oferecido a crianças e adolescentes com algum tipo de deficiência física ou intelectual.

 

A Bonauto é responsável por atender cerca de 3.300 alunos de escolas estaduais em Santo André. O contrato do Estado com a empresa prevê ainda transporte nas cidades de Mogi das Cruzes, Suzano, Ferraz de Vasconcelos, Salesópolis e Guarulhos, todas na Grande São Paulo.

 

Secretaria promete intensificar fiscalização

 

A FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação), órgão da Secretaria de Estado da Educação responsável pela contratação do serviço de transporte escolar, informou que, durante reunião feita no dia 21, reiterou à Bonauto a necessidade de regularização do atendimento aos alunos.

 

A Pasta promete fiscalizar a companhia. Em caso de descumprimento das condições exigidas em contrato, a viação pode ser descredenciada a exercer a atividade. A contratação da transportadora em questão foi realizada em cumprimento à decisão judicial da 2ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo.

 

BONAUTO

A Bonauto informa que está empenhada em discutir com a FDE alternativas para corrigir a situação.

 

Em relação ao problema dos itinerários, alegou que as planilhas de trabalho fornecidas foram entregues incompletas: sem roteiros de trajetos, sem número correto de alunos e sem pontos exatos de embarque e desembarque. Outra justificativa apresentada é de que as chuvas de março prejudicaram acessos a alguns locais.

 

A companhia diz ter sofrido ações de sabotagem feitas por pessoas não identificadas. "Desde a semana passada, nossos veículos vêm sendo apedrejados e os condutores intimidados", diz a viação, em nota.




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