A batida certeira chama para dançar logo nos primeiros instantes da canção Adeus América, releitura que abre Nossa Onda É Essa! (Coqueiro Verde, R$ 22,90 em média), novo trabalho de estúdio do grupo BossaCucaNova e quarto da discografia.

Nome que está na labuta musical há 15 anos, o BossaCucaNova é formado pelo pianista Alex Moreira, pelo DJ Marcelinho Da Lua e pelo contrabaixista e guitarrista Marcio Menescal - que também são produtores e compositores.

Os músicos desfilam elegância e categoria do começo ao fim da obra, mergulham nos ritmos brasileiros e promovem mistura entre bossa nova e samba com muita categoria em composições como Deixa a Menina, assinada por Chico Buarque e Deixa Pra Lá, de autoria de Leci Brandão. Marcelinho Da Lua conta que preparar essas releituras é algo irresistível, "mas tem aquela responsabilidade de fazer o arranjo acontecer, né?".

O músico diz que a ideia da mistura entre os ritmos é proposital, de fazer algo parecido com o que fazem com o jazz. "Mas a forma com que fizemos foi bem natural, pois estávamos rodeados da turma original da bossa nova no nosso dia a dia, no estúdio de Roberto Menescal e Raymundo Bittencourt, que sempre nos apoiaram", diz.

É claro que, mesmo sendo minoria, as faixas autorais não ficam de fora - a obra traz 11 canções -, caso de Rio de Inspiração, Balança e Ficar.

Entre as grandes tacadas do grupo estão os ricos arranjos promovidos ao longo do álbum. "Nada é muito pensado e nem acontece em ensaios. São loucuras de estúdio. Muitas tentativas e erros. Quando a gente cai na gargalhada é o momento em que atingimos o ponto", afirma Da Lua.

A verdade é que Nossa Onda É Essa! é cheio de emoções positivas, e uma delas se deve pela grata presença de Elza Soares, na canção A Pedida É Samba. Wilson Simoninha e Maria Rita também emprestam suas vozes. Ele em Adeus América. Ela chega em seguida, em Deixa a Menina, gravada ao vivo em um único take. Isso sem contar os diversos instrumentistas que participam do disco com viola, flauta, violão, trombone, cavaquinho etc.

Da Lua conta que a escolha dos convidados vai de acordo com o perfil de cada composição. "Ora pela amizade e prazer de estarmos juntos, aliado a garantia de um trabalho bem feito, como é o caso de Léo Gandelman, que já arranjou várias de nossas faixas nossas. Ora pelo desafio de trabalhar com um ídolo", afirma o músico.

Roberto Menescal e Martinho da Vila enriquecem ainda mais o trabalho. Outro que deixou sua marca foi o cantor Emílio Santiago, morto na quarta-feira, que canta na música É Preciso Perdoar.