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Demanda leva trabalhador ao limite
Luciele Velluto
Do Diário do Grande ABC
09/03/2008 | 07:00
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As montadoras bateram recordes de vendas em 2007 e continuam no mesmo caminho no início deste ano. Para alguns, é o ‘milagre da economia estabilizada do Brasil’.

Contudo, por trás dos grandes números de fabricação das empresas automotivas do País, há milhares de pessoas trabalhando no limite de suas capacidades, com jornadas semanais que podem ultrapassar a 50 horas apenas para atender o que o mercado explica por demanda.

Em toda cadeia automotiva – montadoras, autopeças, fornecedores, entre outros – há quem trabalhe de domingo a domingo, em ritmo alucinante. Mesmo as contratações realizadas pelas empresas no ano passado e no início deste ano, sindicalistas e representantes dos trabalhadores denunciam: ainda é insuficiente.

No caso do Grande ABC, montadoras como a General Motors – que elevou sua produção de veículos em 26.765 unidades em 2007 e ampliou as vendas em 52% em 2008 – ou Volkswagen – esta que obteve crescimento de mais de 30 mil unidades comercializadas no ano passado – a jornada de 40 horas semanais, que está no acordo coletivo, ficou no passado.

Hoje, contando o período trabalhado que vai para o banco de horas e ainda as horas-extras (pagas com adicional conforme acordo sindical), a montadora de São Caetano pratica uma jornada de 45 horas semanais e a de São Bernardo chega as 50 horas.

Na Fiat, em Betim (MG) – que fabricou 155 mil unidades a mais em 2007 na comparação com 2006 – , o caso é mais grave, pois, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Região, a jornada total está entre 53 a 55 horas por semana.

“Foram 3.000 contratações no ano passado e 550 para o início deste ano. Mesmo assim, o ritmo não muda, todos os sábados são extra. A fábrica ainda não chegou ao seu limite, mas o trabalhador sim”, afirma o presidente da entidade, Marcelino da Rocha.

O que os sindicatos alertam é que o trabalho excessivo imposto pelas empresas vai acarretar doenças e até acidentes de trabalho. “O milagre que se fala não tem só o suor de muita gente, mas o sangue também. Nunca se viu tantos acidentes como os ocorridos em fevereiro na planta aqui da GM”, conta Vivaldo Moreira Araújo, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e as montadoras não quiseram comentar o assunto.




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