Política Titulo Liberação
Deputados destinam 39%
das emendas à região

Parlamentares locais enviaram R$ 19,9 milhões para as 7
cidades entre 2007 e 2011, segundo Secretaria da Fazenda

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
23/11/2011 | 07:25
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Dos R$ 50 milhões em emendas formuladas pelos deputados estaduais com base eleitoral na região e liberadas pelo governo, R$ 19,9 milhões foram destinados para o Grande ABC. A fatia representa 39% do montante de pedidos feitos pelos parlamentares entre 2007 e 2011, segundo relatório da Secretaria da Fazenda, divulgado recentemente após denúncia de supostas vendas de emendas. Mauá foi a cidade mais lembrada pelos deputados, com R$ 8,9 milhões de recursos.

O parlamentar que mais encaminhou verba para a região foi Donisete Braga (PT-Mauá). O petista apresentou R$ 5,5 milhões em emendas no geral e conduziu R$ 4,7 milhões para o Grande ABC. José Bittencourt (PSD-Santo André), por sua vez, não direcionou recursos para nenhuma das sete cidades - o político propôs R$ 5,5 milhões em benefícios para outros municípios paulistas.

"Pelo que o Grande ABC produz de receita para o Estado, a região recebe muito pouco de retribuição do governo.Precisaríamos de olhar regional para o Orçamento do Estado", avaliou Donisete.

Ana do Carmo (PT-São Bernardo) ficou na segunda colocação de apresentação de emendas à região. Dos R$ 6 milhões requeridos ao Estado, ela sugeriu R$ 4 milhões para o Grande ABC. Porém, agraciou somente prefeituras administradas pelo PT: Diadema, Mauá e São Bernardo. Para os dois últimos municípios, as emendas só foram liberadas depois de 2009, quando Leonel Damo (PMDB) e William Dib (PSDB) já haviam deixado os respectivos paços.

A prática de auxílio a aliados diretos também foi adotada por outros deputados. Alex Manente (PPS-São Bernardo), por exemplo, estipulou R$ 2,2 milhões para a região - o popular-socialista pediu R$ 5,8 milhões ao governo do Estado.

Do montante regional, encaminhou R$ 1,1 milhão à Prefeitura de Ribeirão Pires, cujo vice-prefeito é Edinaldo de Menezes, o Dedé (PPS), e R$ 460 mil ao Paço de São Bernardo em 2009, quando ainda defendia a gestão de Marinho.

Hoje deputado federal, Vanderlei Siraque (PT) conduziu R$ 2,1 milhão para Mauá a partir de 2009, quando o correligionário Oswaldo Dias assumiu o Paço. O valor é 2,5 vezes maior do que o direcionado para Santo André, seu reduto eleitoral, que recebeu 832 mil. A quantia envolveu transferências somente a entidades sociais e não para a Prefeitura, gerida por Aidan Ravin (PTB).

Orlando Morando (PSDB-São Bernardo) encaminhou R$ 1,9 milhão para Rio Grande da Serra, administrada por Adler Kiko Teixeira (PSDB), seu aliado. O deputado foi o que mais pulverizou emendas, beneficiando seis dos sete municípios do Grande ABC - menos Santo André. Ao todo, agraciou 56 municípios paulistas. 

Bittencourt não atende reduto eleitoral 

O deputado estadual José Bittencourt (PSD), de Santo André, não encaminhou emendas para o Grande ABC, mesmo tendo seu reduto eleitoral na região. Ex-filiado do PDT, ele direcionou R$ 5,5 milhões em pedidos parlamentares e todo recurso foi para municípios do interior do Estado.

As duas cidades mais beneficiadas pelo deputado foram Votorantim e Indaiatuba. Ambas receberam R$ 1 milhão entre 2007 e 2011 do parlamentar estadual. Em Indaiatuba, Bittencourt conquistou 177 votos na eleição de 2010. O município é administrado por Reinaldo Nogueira, do PDT - mesma legenda em que o deputado esteve filiado até outubro. Já em Votorantim, Bittencourt angariou só nove sufrágios no pleito do ano passado. O município tem como prefeito Carlos Augusto Pivetta, do PT.

Em 2010, o parlamentar foi reeleito com 58.954 votos e somente 15% das adesões vieram das cidades do Grande ABC. Em Santo André, ele ganhou 5.509 apoios e, em todos os municípios da região, a votação chegou a 8.864.

Bittencourt não retornou às ligações do Diário para comentar o desempenho com relação à distribuição de emendas para o Grande ABC.

Mauá lidera entre cidades beneficiadas 

A situação crítica das finanças de Mauá sensibilizou mais dos deputados estaduais. A cidade, que tem dívida estimada em R$ 1,4 bilhão, figura no topo da lista dos municípios do Grande ABC beneficiados com emendas parlamentares entre 2007 e 2011. Mauá recebeu R$ 8,9 milhões no período, alcançando a terceira maior marca no Estado - atrás apenas de São Paulo (R$ 33 milhões) e Santos (R$ 9,5 milhões).

Do montante arrecadado, R$ 7,46 milhões foram encaminhados diretamente para a Prefeitura, administrada por Oswaldo Dias (PT), para investimentos na cidade. A área de Saúde, considerada o calcanhar de Aquiles do governo mauanse, ficou com R$ 4,9 milhões dos recursos. Reformas em diversas UBSs e melhorias no Hospital Radamés Nardini foram requisitadas pelos deputados. Pré-candidata ao Paço, Vanessa Damo (PMDB) só sugeriu R$ 80 mil para Mauá.

São Bernardo aparece na segunda posição no levantamento regional e oitava no Estado. O município arrecadou R$ 5,3 milhões. A Prefeitura passou a angariar mais verba depois da eleição de Luiz Marinho (PT), em 2008, com dinheiro encaminhado pelos deputados Alex Manente (PPS), Ana do Carmo (PT), Roberto Felício (PT) e Vicente Cândido (PT).

Na terceira colocação está Ribeirão Pires, que conquistou R$ 3 milhões. Grande parte das emendas direcionadas é para investimentos em infraestrutura, principalmente para pavimentação de ruas em bairros periféricos. O hospital público também ganhou R$ 600 mil para finalização da obra e abertura à população.

A última colocada no ranking local é São Caetano. Sem representante na Assembleia desde 2006, quando Marquinho Tortorello (PPS) não se reelegeu, o município ficou com R$ 379 mil em emendas. Nenhum recurso foi destinado para a Prefeitura, sob comando de José Auricchio Júnior (PTB). Os deputados Orlando Morando (PSDB) e Célia Leão (PSDB), que incluíram São Caetano na lista de beneficiados, encaminharam verba para entidades.

As associações comunitárias também arrecadaram boa fatia das emendas. O ex-deputado estadual José Augusto da Silva Ramos (PSDB), por exemplo, destinou R$ 1,4 milhão para diversas entidades sociais de Diadema - o tucano não envolveu a Prefeitura na transferência de receita.




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