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Acerto de bons negócio

Não, ninguém está muito preocupado com a CPI da Petrobras. Há quem diga que surgiriam coisas terríveis, mas coisas terríveis

Carlos Brickmann
27/05/2009 | 00:00
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Não, ninguém está muito preocupado com a CPI da Petrobras. Há quem diga que surgiriam coisas terríveis, mas coisas terríveis não surgirão - aliás, não deve surgir muita coisa, nem terrível nem risível. A Petrobras é muito grande, tem muitos tentáculos. Só no último ano, gastou R$ 609 milhões para patrocinar ONGs, congressos e seminários, espetáculos. Coisa boa, de primeiro mundo, só para gente selecionada, bem-posta na vida, famosos, formadores de opinião. Quem vai querer prejudicar com investigações essas coisas tão apreciáveis?
Por via das dúvidas, o governo federal pretende controlar a CPI com mão de ferro, ficando com a Presidência e a Relatoria. O PMDB, que tem três senadores na comissão e poderia se unir aos três da oposição para formar a maioria, já sabe que não vai ganhar novas diretorias na empresa, porque poderia pegar mal, mas receberá um troco. Sem nada é que não fica.
E a oposição, bem, é a oposição. É a oposição que temos; o próprio DEM, o mais radical adversário do governo, trabalhou para adiar a investigação. Nem com o presidente do Supremo grampeado a oposição conseguiu sair-se bem na CPI dos Grampos. E não pode reclamar da prepotência do Governo: em São Paulo, onde o PSDB manda, CPI oposicionista nem é instalada. O governador José Serra (e, antes dele, Alckmin) não gosta desse tipo de incômodo. Pode ruir parte da linha do Metrô, pode haver denúncias internacionais de pagamento de propinas, não importa: CPI, de jeito nenhum. Pizza, pois. E que tudo acabe em samba.

O BOM DA BOQUINHA
Lembra quando a CUT e a Força Sindical eram inimigas e uma acusava a outra das piores coisas? Hoje, sob o patrocínio amigável do presidente Lula, são amigas desde criancinhas. E, juntas, protestam amanhã na Avenida Paulista, em São Paulo, contra a CPI da Petrobras. De certa forma, ambas as centrais têm razão: vá lá que, contra todas as expectativas, a CPI investigue alguma coisa. É melhor matar o perigo no nascedouro. Afinal, quem tem umbigo tem medo.

O GOLPE...
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, diz que mudar a Constituição para permitir que o presidente Lula concorra a um novo mandato é casuísmo - uma deturpação de princípios jurídicos para que sirvam a um interesse específico. Gilmar Mendes tem razão - mas, não faz tanto tempo, houve uma reforma constitucional igualzinha para que o presidente Fernando Henrique pudesse disputar a reeleição. Se aquele pôde, por que este não pode?

...E OS GOLPES
E ainda existe coisa pior que a emenda do terceiro mandato circulando pelo Congresso. A mais repulsiva é a da prorrogação de mandatos por dois anos (a desculpa é que, assim, todas as eleições coincidiriam, e o eleitor poderia votar menos vezes). Está errado, porque votar uma vez de dois em dois anos não é tanto assim; e quem foi eleito para ficar quatro anos não tem condições de ficar mais que isso. Mas é bom ficar de olho: a turma da safadeza não perde chances.

MAIS UM, MENOS UM
O governador de Santa Catarina, Luís Henrique, do PMDB, deve ser julgado amanhã pelo Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder econômico. Dois governadores já caíram por este motivo: o maranhense Jackson Lago e o paraibano Cássio Cunha Lima. Os prognósticos, entretanto, são favoráveis a Luís Henrique: até a Procuradoria-Geral da República deu-lhe parecer favorável.

TERROR NO BRASIL
O nome do terrorista não foi divulgado, mas a fonte é precisa: o jornalista Janio de Freitas, que não costuma dar informação errada. Um membro da cúpula da organização terrorista Al Qaeda, aquela que atacou as Torres Gêmeas, foi preso em São Paulo pela Polícia Federal. Ficou preso dois meses. Fontes do Ministério da Justiça confirmaram a notícia, mas informaram que o terrorista foi solto, continua anônimo e deve ficar no Brasil, por ser casado com uma brasileira.

A NOVIDADE
Até agora, sabia-se da presença da Al Qaeda no Brasil apenas em Foz do Iguaçu, na região da Tríplice Fronteira. A organização está se expandindo.




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