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ESPECIAL: Das mídias sociais às ruas

Manifestações tomam conta do Brasil e a galera mais jovem está gritando no meio da multidão

Por Bruna Gonçalves, Caroline Ropero e Marcela Munhoz
23/06/2013 | 07:00
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Nário Barbosa


A juventude está fazendo história com a maior manifestação popular desde o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992. Talvez o que está rolando no Brasil nas últimas semanas ganhe capítulo na próxima remessa de livros didáticos. Tudo começou quando a tarifa de ônibus em São Paulo passou de R$ 3 para R$ 3,20. Foi o estopim para milhares saírem às ruas com cartazes para exigir sua redução.

O D+ esteve em manifestações em São Paulo e no Grande ABC e, em meio a pessoas de várias gerações, deu de cara com adolescentes acompanhados pelos pais, tios, amigos e até sozinhos, que fizeram questão de se juntar ao coro de ‘A Juventude está mudando o Brasil’.

“Deixou de ser pelos R$ 0,20 há tempos”, diz Luis, 17. Para Isabela, 17, que foi à sua primeira passeata, a situação é clara. “Todos estavam engasgados com as injustiças.” Para Fernanda Silva, 17, se manifestar é o pouco que o povo pode fazer para tentar mudar o que considera errado. “É a vez dos jovens fazerem parte da história.”

Para Rodrigo Estramanho de Almeida, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, é o momento de refletir. “Abrimos a possibilidade de repensar questões políticas da sociedade, e o jovem é parcela importante dela.”

Segundo especialistas, os protestos têm características específicas: o poder das mídias sociais, a inexistência de liderança, várias reivindicações ao mesmo tempo e forte presença da classe média. “No passado a sociedade não era altamente conectada e não havia ferramentas virtuais que permitissem a interação em tempo real”, explica Augusto de Franco, criador da Escola de Redes, grupo que estuda redes sociais.

QUAL A MOTIVAÇÃO?
Seja por influência da internet ou de amigos (as razões são variadas), os adolescentes acreditam que têm o dever de buscar mudanças por se preocupar com o futuro e não se sentirem representados. “Eles são sensíveis às injustiças. Por isso, podem se destacar em movimento grupal. Mas há também os que são mais impulsivos e violentos”, diz Antonio Carlos Pereira, professor de Psicologia da PUC-SP. Izabela Silva, 17, e a maioria dos participantes dos protestos, não concorda com ações violentas. “Quem realmente luta por um futuro melhor não agiria de tal forma.”

POR QUE AGORA?
Se a vontade de mudar sempre existiu, por que sair às ruas agora? Para Matheus, 16, a Copa das Confederações foi incentivo. “O mundo está olhando para a gente.” David Verge Fleischer, professor de Ciência Política da Universidade de Brasília, concorda. “Foi ato oportunista. Deve voltar só na Copa do Mundo e eleições, mas a continuidade é importante para reforçar a vontade popular”. Após os atos, as tarifas das passagens foram reduzidas. No entanto, até o fechamento desta edição, os protestos continuavam. 




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