Estádio lotado e classificação do São Bernardo FC à terceira fase da Copa do Brasil. Bem que essa poderia ter sido a história do Tigre, mas não foi e, sim, a do Criciúma, que tem o mesmo mascote. O time do Grande ABC não aguentou a pressão do rival catarinense no Estádio Heribeto Hulse e perdeu por 3 a 1, ontem à noite, no jogo de volta da segunda etapa do torneio nacional - a partida de ida, no 1º de Maio, havia terminado em 1 a 1.

Agora, o São Bernardo foca o planejamento para o segundo semestre, quando participará da Copa Paulista, já sem alguns jogadores do atual elenco. O Criciúma, por outro lado, espera o vencedor do duelo entre Vitória e Salgueiro, além de se concentrar na decisão do Campeonato Catarinense, contra a Chapecoense, domingo.

Apesar da pressão das arquibancadas, os visitantes iniciaram bem o confronto, com troca de passes, envolvendo o adversário. Em seis minutos, o Tigre chegou duas vezes, com Gil e Fernando Baiano, mas ambos não pegaram bem na bola.

Já os donos da casa foram melhorando aos poucos, principalmente em jogadas pelas laterais. Primeiramente pelo lado esquerdo com Marlon, que cruzou para Lins errar o alvo. Pela faixa direita do campo, o Criciúma teve sucesso. Elton mandou rasteiro para a área e Giancarlo pegou de primeira para abrir o placar, aos 18 minutos.

Após o gol, o jogo ficou fraco tecnicamente e ganhou em emoção apenas aos 40 minutos, quando o São Bernardo arrancou o empate. Após bela troca de passe entre Régis, Gleidson e Gil, o atacante finalizou com categoria da entrada da área para deixar tudo igual.

Na etapa final, no entanto, o confronto teve outras características, com o Criciúma bem mais no ataque. Nos primeiros 14 minutos, foram ao menos três oportunidades, a melhor com Tartá, que desperdiçou dentro da pequena área.

A arquibancada incendiou e o gol saiu em jogada polêmica. Aos 17 minutos, após bola lançada na área do São Bernardo, Lins, em posição duvidosa, recebeu e tocou para Elton marcar.

O técnico Wagner Lopes ainda tentou que a equipe do Grande ABC reagisse, ao colocar Jean na vaga de André Luiz, mas a substituição não surtiu efeito.

Sem força para mudar a história do jogo, o São Bernardo levou o terceiro aos 34 minutos. Após cobrança de escanteio, a bola sobrou para Lins, que dominou da entrada da área e acertou belo chute no ângulo de Wilson Júnior. Foi o ato final para o prosseguimento da festa catarinense.

Lopes vê lance capital, mas elogia time

O polêmico segundo gol do Criciúma foi determinante para a eliminação do São Bernardo na Copa do Brasil, segundo o técnico Wagner Lopes. Mas não devido ao possível erro da arbitragem, e, sim, pela falta de marcação do time.

Para o treinador, a equipe não poderia parar no lance pedindo impedimento de Lins, que passou para Elton fazer o gol. "Eu acho que nos momentos chaves não podemos parar. Tínhamos que esperar que a jogada fosse definida", justificou o treinador. "Acho que nem estava impedido pelas informações que recebi."

O goleiro Wilson Júnior ressaltou a qualidade do time rival. "Estávamos jogando bem, tanto que tomamos o primeiro gol em nosso melhor momento. Mas o Criciúma é um time qualificado", explicou o arqueiro, que também não polemizou sobre o segundo gol. "Reclamamos na hora por instinto. Mas, se o juiz errou, foi por pouco."

Outro problema que atrapalhou, segundo o treinador, foram os cartões amarelos. Os zagueiros Fernando Lombardi e Luciano Castán e o volante Daniel Pereira foram advertidos. "Ficamos engessados e não marcamos bem. Também teve o lance de rara felicidade do Geancarlo, que fez o primeiro gol", destacou.

Porém, o técnico deixou claro que o Tigre sai da Copa do Brasil de cabeça erguida e elogiou seus comandados. "Errou, erra todo mundo. Jogamos de igual para igual com o Criciúma, mas, infelizmente, nosso melhor não foi suficiente para vencer hoje."

Destaque na derrota, Bady desperta interesse do adversário

Apesar da derrota, um dos jogadores do São Bernardo que se destacaram mais uma vez foi o meia Bady, responsável pelas principais jogadas da equipe. Em diversos momentos da partida, ele foi o responsável pela armação, não se escondendo.

Devido à boa fase, ele despertou interesse de times rivais da Copa do Brasil. Primeiro foi do Paraná, eliminado pelo Tigre na primeira fase. O clube de Curitiba não escondeu que gostou das atuações do jogador e deve investir na contratação à Série B do Brasileiro.

Agora foi a vez do Criciúma, que ainda monta a equipe para a elite do Nacional. A diretoria do clube catarinense já havia aprovado a atuação do jogador em São Bernardo e espera o fim do Estadual para discutir possível conversa com o Tigre do Grande ABC.

"Fico feliz porque é fruto do meu trabalho. Primeiro, me preocupando em ajudar os meus companheiros. Também fizemos boa temporada, levando o time à segunda fase da Copa do Brasil na primeira vez em que participa e evitando o descenso no Paulista", disse ele, que despistou sobre o futuro. "Não tem nada certo."

Donos da casa lotam estádio; são-bernardenses encaram árdua viagem

Faltando uma hora para a partida, parecia que o Estádio Heriberto Hulse não teria torcedores catarinenses. Mas apenas parecia. Nos 30 minutos antecedentes ao confronto, cada cadeira foi ocupada pelos tricolores, que tomaram o palco do duelo entre Criciúma e São Bernardo.

Também já era esperado. O momento da equipe é único, com o retorno à Série A do Brasileiro e bem perto de conquistar o Campeonato Catarinense, após a vitória (2 a 0) no primeiro jogo da final sobre a Chapecoense - o próximo duelo será domingo. "Nossa torcida tem de apoiar mesmo a equipe, principalmente porque agora está na Primeira Divisão e o clube precisa de renda", justificou o torcedor Rafael Marcelino, 26 anos.

Porém, a torcida do São Bernardo não estava nem um pouco preocupada com a pressão adversária, principalmente depois de encarar 15 horas de viagem do Grande ABC a Criciúma. "O time está atuando bem, acho que dá para sair com a classificação daqui", destacou no intervalo Aroldo Souza da Silva, 33 anos, e que estava com pé direito engessado. "A gente faz de tudo pelo time", completou.

Os são-bernardenses também desdenharam da festa da torcida adversária. "Eles são muito parados. Parecem uma fanfarra", ironizou Emerson Santos, 19, da Guerreiros. "Não tinha quase ninguém no 1º de Maio na primeira partida", recordou Nicolas Tavares, 20, da Império.

Porém, independentemente das opiniões, o espetáculo sempre fica mais bonito de casa cheia.