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Libertaçao de islâmicos repercute mal na India
Do Diário do Grande ABC
02/01/2000 | 16:27
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O governo indiano pode pagar caro, do ponto de vista político, pela libertaçao dos três militantes islâmicos, em troca da vida dos 160 reféns ameaçados por seqüestradores durante oito dias. A decisao repercutiu muito mal entre a oposiçao indiana.

O governo do primeiro-ministro Atal Behari Vajpayee e seu partido, o BJP, que se apresentava sempre como um lutador antiterrorista, que prometia nao dar tréguas e criticou os governos precedentes por terem cedido à violência. "Trata-se de um sério revés para o BJP, porque seus líderes sempre se definiram como os únicos capazes de acabar com o terrorismo, graças à firmeza", opinou um analista político, GVL Narasimha Rao.

A oposiçao indiana, ainda abalada com a derrota nas eleiçoes de setembro-outubro, reagiu acusando com rapidez o governo de ter descuidado dos interesses do país a longo prazo.

Um dos três militantes libertados é um religioso sunita, preso em 1994 na Caxemira indiana, acusado de ter sido um dos principais instigadores da luta armada na regiao. A India combate, há dez anos, uma insurreiçao muçulmana na Caxemira, território montanhoso de maioria muçulmana disputada por Paquistao e India há meio século.

O primeiro-ministro tentou minimizar os prejuízos, num discurso à naçao, dizendo que o governo libertou apenas três dos 36 presos políticos, como era pedido pelos seqüestradores. Para Rao, mais grave ainda que o crime é o risco da intensificaçao do terrorismo e da luta separatista na Caxemira.

"Amanha, se o separatismo se acentuar na Caxemira, o governo só terá que acusar-se a si mesmo. A libertaçao dos três militantes repercutiu mal, estimulando o terrorismo e provocando desânimo entre as forças de segurança", disse Rao.

A opiniao é compartilhada pelos oficiais de polícia na Caxemira, entrevistados neste domingo. "Esta libertaçao terá um efeito lamentável na situaçao da Caxemira", disse Shesh Vaid, inspetor-geral-adjunto de polícia, que conduziu um dos três militantes a Kandahar (sul do Afeganistao), onde foi libertado.




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