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Grande ABC gera 9.500 vagas no mercado de trabalho em 2021

Apesar do saldo positivo, região não se recuperou da queda causada pela pandemia em 2020; comércio teve mais demissões que contratações

Por Yara Ferraz
27/05/2021 | 00:04
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Nario Barbosa/ DGABC


Grande ABC foi responsável pela geração de 1.175 postos de trabalho no mercado formal em abril. Com o resultado, os quatro primeiros meses de 2021 acumulam saldo (admissões menos demissões) de 9.528 empregos. Os números são positivos, mas ainda insuficientes para neutralizar as perdas do ano passado. Para especialistas, o futuro da economia também gera dúvidas sobre quando deve ocorrer recuperação mais robusta no mercado de trabalho da região.

As informações são do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado ontem pelo Ministério da Economia. Dentre as sete cidades, o destaque em abril com o maior número de empregos gerados foi Mauá (549). No ano, São Bernardo tem o melhor resultado com 4.109 empregos criados (veja mais na arte ao lado). Ribeirão Pires foi a única a apresentar números negativos em abril e também no acumulado do ano.

“Ainda não conseguimos neutralizar o efeito da pandemia no mercado de trabalho” afirmou o coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio. No saldo do ano passado, a região perdeu 11.753 postos com carteira assinada.

“Ainda faltam 2.225 empregos. Se esse ritmo se mantiver, acredito que até julho vamos conseguir pelo menos neutralizar a perda de empregos ocorrida em 2020. A indústria tem um agravante, que é a dificuldade de acesso a insumos de produção (leia mais sobre o assunto abaixo), o que também impacta outros setores. Isso é um fator que inibe e dificulta a retomada da produção. Se isso acontece, o comércio destes produtos também sofre porque haverá uma oferta menor. É um efeito cadeia”, disse Maskio.

“Não dá para dizer que não há recuperação, mas ela ainda é muito tímida e insuficiente para dar esperança para os 14 milhões de desempregados que temos em todo o País. Ocorre um processo bem lento de recuperação, que pode ser abortado por uma terceira onda de casos de Covid-19”, analisou o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero.

Para Maskio, uma recuperação mais robusta no mercado de trabalho passa por mudanças no ambiente macroeconômico. “É preciso uma política de desenvolvimento produtivo bem estruturada e desenhada de médio a longo prazo. Eu, pessoalmente, não tenho um olhar muito animador de que isso aconteça a curto prazo”, finalizou.

POR SETOR
No mês de abril. o segmento de serviços, principal empregador da região, voltou a gerar postos e fechou com saldo de 730 vagas. A construção civil e a indústria também registraram criação de postos de trabalho (648 e 257, respectivamente).

O único que acabou fechando no negativo foi o comércio, com 459 demissões. Isso ocorreu, principalmente, por causa do fechamento das lojas de produtos não essenciais, já que o Estado prorrogou a fase emergencial até dia 11 de abril, ou seja, a maioria passou parte do mês com as portas fechadas.

Para o presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Pedro Cia Júnior, essa situação somou-se a demora para que o governo federal reeditasse a MP (Medida Provisória) que permite que empresas reduzam a carga horária de trabalhadores, mediante a redução do salário. “Com os impactos da segunda onda da pandemia ainda sendo absorvidos, somado com a demora para o retorno da MP, que poderia segurar o número de empregos, a situação foi essa. Não teve como reter as demissões e acredito que essa situação só mude com o avanço da vacinação.” 




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