Aliado de longa data do comerciante de Mauá Chiquinho do Zaíra (PTdoB), José Francisco Jacinto, o Icão, assumiu há três semanas o cargo de secretário adjunto de Governo de Ribeirão Pires, comandada por Clóvis Volpi (PV). A nomeação, publicada dia 11, evidencia a interferência do verde na eleição de Mauá, cidade em que debutou na política e foi eleito vereador por dois mandatos.

A manobra foi o início da contrapartida de Volpi para que Chiquinho e Irmão Ozelito (PTB) apoiassem o pré-candidato do PV a prefeito de Mauá, Paulo Bio. Curioso é que a consolidação da terceira via unificada minguou no dia 16, cinco dias depois da nomeação de Icão, quando o trabalhista declarou apoio à empreitada do petebista e Bio ficou sozinho.

A costura começou no início do ano. À época, Volpi apresentou Chiquinho ao secretário estadual de Desenvolvimento Metropolitano, Edson Aparecido (PSDB). A intenção era de que o comerciante fosse o coordenador da terceira via em Mauá. Em troca da desistência da candidatura majoritária, o prefeito de Ribeirão tentou emplacar Chiquinho no Palácio dos Bandeirantes, o que não vingou. Então, recorreu ao plano B, e ofereceu espaço na Prefeitura de Ribeirão.

Mas a relação azedou quando Chiquinho abandonou o papel de coordenador da frente para se colocar como pré-candidato a vereador. Com a mudança, indicou Icão para a Secretaria de Governo de Ribeirão, já que, como postulante à Câmara de Mauá, ficou impedido pela legislação eleitoral de ocupar o cargo público.

Volpi, por sua vez, mantém Icão no segundo escalão mesmo após Chiquinho declarar apoio a Ozelito por confiar que a dupla ainda pode se unir a Paulo Bio em terceira via capaz de desbancar o projeto de reeleição de Oswaldo Dias (PT) e a deputada estadual Vanessa Damo (PMDB), sua desafeta declarada. Seu novo funcionário foi, inclusive, secretário de Finanças no governo de Leonel Damo em Mauá (2005 a 2008) - o ex-prefeito é pai da parlamentar.

CONTRARIEDADE

Apesar do cenário, Icão e Chiquinho negam que a nomeação em Ribeirão faça parte de acordo visando a eleição em Mauá. "Lógico que teve o aval dele (Chiquinho), mas minha vinda para cá (Ribeirão) não tem conotação política, apenas técnica", sustenta o adjunto, que admite, porém, não possuir vasto conhecimento da estância turística. "É chance de aprender e passar minha experiência."

Icão ressalta que foi convidado por Volpi para criar banco de projetos, relacionando as ações das secretarias que serão executadas até o fim do governo, em dezembro, e as que ficarão pendentes para a próxima administração. Ele classifica como "coincidência" o fato de o prefeito e Bio pertencerem ao PV.

Chiquinho faz coro. "Icão é independente e bom profissional. Não interferi nada", esbravejou.

Clóvis Volpi e Paulo Bio não retornaram aos contatos da equipe do Diário.