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SP promete medidas para resolver abastecimento
Por Samir Siviero
Do Diário do Grande ABC
09/03/2004 | 22:01
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O abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo, que inclui o Grande ABC, deve sofrer mudanças devido aos baixos níveis de armazenamento do sistema Cantareira. O governador Geraldo Alckmin prometeu para esta quarta, durante visita a uma das represas do sistema, o anúncio de “importantes medidas” para resolver o problema. Há a expectativa de que ele fale sobre o possível racionamento de água nas cidades atendidas pela bacia.

Nesta terça, o superintendente da Unidade de Negócios da Produção de Água da Sabesp, Hélio Luiz Castro, afirmou que, pelo menos para este mês, o rodízio está descartado.

Na medição feita por técnicos da Sabesp, o Cantareira chegou nesta terça a 17,1% de armazenamento. Especialistas consideram que o ideal – para passar pelo período de estiagem sem necessidade de rodízio – é de, pelo menos, 40%. Até esta terça havia chovido apenas 26,9 mm na bacia, bem abaixo da média histórica de 183,4 mm. As cinco represas que formam o sistema Cantareira abastecem cerca de 9 milhões de pessoas em São Paulo, São Caetano e parte de Santo André.

Para a coordenadora do programa de mananciais do ISA (Instituto Socioambiental), Marussia Whately, ao adiar o início de racionamento, o governo estadual pode obrigar a população a ficar todo o período de estiagem em permanente rodízio, que poderia chegar a seis meses. “Em fevereiro de 2003, o Cantareira estava com 47% de armazenamento e chegou em dezembro com 1%. Hoje estamos em março e temos 17%. Dificilmente escaparemos de um racionamento, que pode ser muito prolongado. O governo poderia ter tomado medidas não tão drásticas e adotado o rodízio no período de férias, mas contou com as chuvas que até não foram de todo o mal, mas não são suficientes”, argumentou Marussia.

De acordo com o meteorologista Leandro Della Vedova, da Climatempo, o maior problema do Cantareira é que as chamadas chuvas de verão não ocorrem com tanta intensidade na região que forma as represas, entre Bragança Paulista, Atibaia e Piracaia. “A tendência é que as chuvas comecem a diminuir de intensidade a partir deste mês. Mas como elas começaram mais tarde esse ano, pode ser que o período chuvoso se estenda”, disse.

Segundo ele, as ilhas de calor que se formam na região metropolotana não deixam as chuvas fortes atingirem o Cantareira, que fica afastado. Para chover intensamente sobre o reservatório, é preciso a aproximação de frentes frias. “Isso ocorreu no Carnaval e ajudou a melhorar a condição de armazenamento do sistema”, afirmou.

O superintendente da Unidade de Negócios da Produção de Água da Sabesp admitiu que a situação do Cantareira é crítica, mas disse que a posição da companhia é aguardar pelas chuvas até o final de março. “Estamos com situação satisfatória no Guarapiranga, tivemos boas chuvas no Alto Tietê e o Alto Cotia também melhorou um pouco, mas a maior preocupação é o Cantareira. Historicamente, março é um período que chove bastante e deve acontecer algum reflexo no volume das represas. Parta este mês, não há previsão de racionamento”, afirmou Castro.




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