O papa Joao Paulo II, em visita à cidade portuária de Ancona, separada da Iugoslávia pelo Mar Adriático, fez um apelo para que se ponha fim ao que qualificou de 'uma pesada derrota para a humanidade``, referindo ao conflito no país balcânico. O papa viajou em um helicóptero militar italiano para esta cidade, às margens do Adriático, cujas águas foram cruzadas por milhares de refugiados de Kosovo e escondem em suas profundidades bombas abandonadas por avioes de regresso à Iugoslávia.

Ao celebrar missa no estádio esportivo local, por ocasiao do milésimo aniversário da Catedral de Ancona, o Santo Padre disse: 'nao posso deixar de voltar meu olhar através do mar Adriático, que para muitos refugiados constitui um difícil caminho rumo à paz``. E acrescentou: 'Em Kosovo e na República Iugoslava a opressao e a violência lamentavelmente continuam implacáveis, com muitas vítimas e enormes danos ambientais``. E arrancou aplausos de aproximadamente 30 mil jovens que assistiam à celebraçao ao pronunciar: 'Hoje, reitero um sentido convite para a paz``.

O Sumo Pontífice ressaltou que, ao persistir a violência, nao podiam faltar 'nossas confiantes preces pelos habitantes de Kosovo e da Iugoslávia, que durante demasiado tempo têm sido vítimas de uma situaçao que significa uma pesada derrota para a humanidade``.

Joao Paulo II fez um pedido de oraçao 'para que a humanidade possa encontrar a valentia da reconciliaçao e para que o diálogo, a solidariedade e o amor prevaleçam sobre muitas formas de orgulho e mentiras``.

O papa expressou também seu pesar pelos conflitos em outros pontos do mundo, como os que ocorrem na Africa.

As bombas jogadas no Mar Adriático obrigaram muitos pescadores a abandonar temporalmente seu sustento, enquanto que rastreadores de minas da Otan tentam recuperar esses explosivos no fundo do mar. Algumas dessas bombas, que somente explodem se forem ativadas por um mecanismo, ficaram presas em redes de pescadores, e mais ao norte no Adriático, perto de Veneza, três pescadores ficaram feridos recentemente ao explodir uma dessas bombas.

Os sons de avioes da Otan partindo de pistas próximas a Ancona já sao comuns nesta cidade desde o início das missoes de bombardeios em 24 de março para pressionar o presidente iugoslavo Slobodan Milosevic a aceitar um acordo de paz em Kosovo.

Pouco depois de começarem os ataques da Otan, o papa enviou a Belgrado um diplomata do Vaticano para interceder pela paz, bem como cartas para a aliança ocidental e para Milosevic, a fim de que se chegue a um acordo.