Estudo inédito divulgado sexta-feira pela Faculdade de Medicina do ABC revela que a depressão e a ansiedade são os principais transtornos aos quais a classe médica está sujeita.

A conclusão tem como base o perfil dos 3.274 atendimentos realizados na última década no Sepa (Serviço de Orientação Psicológica ao Aluno) mantido no campus da Faculdade de Medicina.

Entre os pacientes que deram entrada no consultório de dezembro de 1998 e setembro deste ano, os alunos de Farmácia foram os tiveram diagnosticada depressão com maior freqüência.

Foram 80% dos casos. Na seqüência, aparecem os médicos residentes, com 71%; funcionários, 69%; enfermagem, 67%; e medicina, 48%. Por ano, o Sepa realiza cerca de 400 atendimentos.

Motivação - As explicações para incidência de depressão entre médico são muitas: a pressão do trabalho, a carga de problemas com os quais os profissionais são obrigados a lidar e a necessidade de atualizar o conhecimento.

“O treinamento do médico é muito estressante. Ele não privilegia os sentimentos, mas o racionalismo”, afirma o professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina e coordenador do Sepa, Sérgio Baldassin.

Segundo o especialista, o médico aprende a ser perfeccionista. A busca por esse ideal é perigosa e desencadeia quadros de depressão e ansiedade.

Suicídio - Em casos extremos, a depressão se torna a porta de entrada para o suicídio. Só no ano passado, o Sepa da Faculdade de Medicina recebeu 10 casos de pacientes com idéias estruturadas para tirar a própria vida.