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Poucas e boas opções em shows
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
30/03/2002 | 15:15
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A data é santa mas, com o perdão dos cristãos, o show gratuito deste domingo na praça Júlio Prestes, em São Paulo, será como o diabo gosta. Sucessor do rei do baião Luiz Gonzaga, Dominguinhos é a atração principal no local, dentro do evento Praça do Choro. No Sesc Pompéia tem bossa nova com Johnny Alf; e no Sesc Santo André, a última apresentação no local do cantor e compositor Ed Motta.

Mas o que Dominguinhos tem a ver com o choro? Tudo. Em entrevista ao Diário, o pernambucano disse que antes de ser o sanfoneiro que acompanhava Luiz Gonzaga, era o “Neném do Acordeom”, que tocava chorinho em quase todos os “regionais” do Rio de Janeiro.

Dominguinhos desembarcou na capital fluminense em 1954. Dois anos depois, já tocava no Regional do Canhoto, ao lado do flautista Altamiro Carrilho, e como substituto do lendário acordeonista Orlando Silveira. “Tocar Pixinguinha era básico. Mas também apresentávamos músicas de Benedito Lacerda, Garoto e Abel Ferreira, por exemplo”, diz.

Baião, na época, “era quase uma ofensa”. “O Luiz Gonzaga sofria muito. Na rádio Nacional, não deixavam nem ele cantar, só participava como músico de acompanhamento. Ele usava aquele chapéu de couro, o gibão, o punhal do lado, e o pessoal não gostava”, afirma Dominguinhos.

Na visão do músico, era por pura perseguição aos nordestinos. “Para eles, o povo de lá só servia para ser pedreiro e quebrador de pedra. O Fuba de Taperoá mesmo foi pedreiro, trabalhou em obras na (avenida) 23 de Maio”, afirma. Hoje, Fuba é músico de longa data e tocará pandeiro no show de Dominguinhos, ao lado de Zezum (triângulo e agogô) e Dió de Araújo (zabumba – vocalista do Trio Xamego).

Com toda simplicidade que lhe é peculiar, Dominguinhos não se empolga com a onda do forró comandada pelo Falamansa. Ele mesmo, apesar de toda contribuição ao gênero, jamais ganhou disco de ouro.

Mas sua paixão é a música e, mestre como é, está tranqüilo em relação ao que mostrará hoje em São Paulo. “Não tenho roteiro, não. Posso botar um forrozinho e posso também tocar um Tico Tico no Fubá”. Animação, porém, é o que nunca falta em seus shows.

Antes de Dominguinhos, se apresentarão o grupo Sampa Choro e a cantora Cida Moreira. O evento começa às 14h, e o acesso de trem é pela Estação Luz.

Bossa e jazz – Um dos primeiros músicos a levar ao público o repertório da bossa nova, Johnny Alf apresenta-se neste domingo, às 18h, no Sesc Pompéia, em São Paulo (r. Clélia, 93. Tel.: 3871-7700. Ingr.: R$ 7,50 para comerciários e R$ 15). No show, batizado como Eu e a Brisa, o cantor de mais de 70 anos vai mostrar que tem muito fôlego ao cantar músicas como Rapaz de Bem, Medo de Amar e Valsa de Eurídice.

Em Santo André, o cantor e compositor Ed Motta faz sua última apresentação na região com as músicas do novo CD, Dwitza. O disco é quase todo instrumental, por isso, o que o público verá é um artista bem diferente da fase em que interpretava o hit Manuel e fazia todo mundo dançar.

“O forte será o repertório de Dwitza, mas vou mostrar alguns sucessos antigos, como Fora da Lei e Colombina”, afirma o cantor. Para acompanhá-lo, subirá ao palco uma banda formada por Renato “Massa” Calmon (bateria), Alberto Continentino (contrabaixo) e Rafael Vernet (piano e escaleta). Ed Motta, além de cantar e usar a voz como instrumento, tocará guitarra e piano.

Quem quiser conhecer mais sobre Dwitza pode acessar o site do artista (www.edmotta.com.br). Santo André foi a primeira cidade a receber o espetáculo (a turnê começaria neste sábado, no mesmo local). Depois dessas apresentações, o cantor levará seu trabalho a cidades do interior paulista.




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