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Idosos da região cobram mais Saúde
Por Bia Moço
Especial para o Diário
01/10/2017 | 07:00
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André Henriques/DGABC


A crescente população de idosos no Grande ABC – que hoje soma 365,8 mil pessoas, o que corresponde a 13,54% dos 2,7 milhões de habitantes – até dispõe de programas e projetos oferecidos pelas prefeituras em áreas culturais, esportivas e sociais. Apesar disso, moradores com 60 anos ou mais ouvidos pela equipe do Diário apontam que ainda precisam de mais atenção na rede pública de Saúde. O alerta dos vovôs e vovós é o de que não se consegue fazer uso de espaços dedicados ao lazer se não gozar de boa saúde.

Morador do Centro de Santo André, José Soares da Silva, 77 anos, acredita que para ter em casa um idoso que não dê trabalho, a Saúde pública precisa estar em dia. “Sem dúvida, o que mais falta é um serviço de Saúde apropriado para a terceira idade. Se a gente estiver saudável dá para fazer muita coisa, mas doente não. Se querem população idosa ativa, têm de cuidar da gente e olhar para nossa saúde primeiro.”

A mulher de Silva, Laudicéia Soares, 73, conta, emocionada, que em 2018 o casal completará 55 anos juntos, e que pretende permanecer dessa forma por muitos anos. No entanto, ela frisa que, para isso, os dois necessitam de cuidados. “É preciso mais incentivo para os velhos estarem nas ruas. A gente quer espaço, queremos ser vistos.” Atualmente, eles realizam apresentações de dança cigana.

De acordo com o médico geriatra formado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Carlos André Uehara, quando a idade chega, a orientação deve ser mais precisa. “É sempre bom lembrar que, para que a pessoa tenha envelhecimento bem-sucedido, temos de prestar atenção já no que fazemos enquanto jovens.”

Uehara explica que a principal demanda do idoso, em todo o mundo, é sempre relacionada à saúde, o que atualmente é uma dificuldade, inclusive na região. “O serviço não está preparado para o atendimento da população idosa. O profissional da Saúde não tem essa formação específica.”

De acordo com o médico, o envelhecimento muda as características cronológicas da doença. E não é trabalhado em nenhuma graduação como a doença pode ser intensificada na velhice. “De certa forma, os médicos não são de total preparo para atender essa parte da população. Claro que não dá para ter um geriatra em cada unidade de Saúde, mas deveria, em cada cidade, ter um atendimento específico só para os idosos.”

OUSADIA

Grupo da terceira idade ouvido pela equipe do Diário fez questão de mostrar que, de fato, a melhor idade chega a partir dos 60 anos. Para eles, este é momento de desfrutar da maturidade, usufruir de todo o conhecimento adquirido ao longo dos anos e, principalmente, resgatar sonhos que ficaram para trás.

Maria Pia Niero, 61, acredita que esta é a melhor parte da vida. Atualmente ela dança, faz ginástica e explica que isso a faz sentir viva. “Melhora o humor e ficamos mais sociáveis. O olhar que se tem da vida, do mundo, passa a ser diferente. E nós detestamos ser tratados como velhos. Esse foi o momento que eu pude me realizar. Quando era mais nova, por exemplo, meu pai não me deixava dançar.” A dançarina conta que começou a frequentar escola para a terceira idade e a convidaram para fazer dança flamenca. “Na época eu estava em uma depressão terrível. Entrei na dança e tudo ficou mais leve. Temos de ter a promoção da saúde.”

Luiz Carlos Batista, 66, também faz parte da dança flamenca e fala emocionado que “é como uma parte no íntimo que alegra de dentro para fora. Foi uma das melhores coisas que fiz depois de ter me aposentado.”


São Caetano tem a maior população idosa da região, com 21,66%

A população idosa no Estado de São Paulo representa 14,01% do total, de acordo com dados da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). Na região, São Caetano é a cidade com maior percentual de pessoas acima de 60 anos, 21,66%.

Para atender à demanda, a cidade possui o CMI (Conselho Municipal do Idoso), que conta com ações em prol dos direitos da pessoa idosa, além disso a cidade oferece a Comtid (Coordenadoria Municipal da 3ª Idade) e quatro Cises (Centros Integrados de Saúde e Educação para 3ª Idade), que contam com mais de 21 mil sócios cadastrados, que realizam atividades nas áreas de Saúde, Educação, esporte, lazer, turismo e Cultura.

Aos 76 anos, Elmira Manzano Gasques ou Dedê, como gosta de ser chamada, conseguiu sair da depressão, ganhou 11 kg, largou a bengala que precisava para andar e deixou a cadeira de rodas de banho com interação social. “Eu acho que na cidade não falta nada para nós, idosos. Minhas amigas estão sempre muito animadas, além de que o parque Chico Mendes tem um monte de atividades para a gente. E o melhor é que tudo é gratuito”, avalia.

Dedê conta que gosta de passear no parque com sua bisneta e diz que velhice é para quem quer ser velho. “É como um sintoma e, olha, depois de tantas coisas que passei na vida para chegar nessa idade, posso dizer que o melhor da melhor idade é ser milionária de carinho. Sou muito rica de amor. Só tenho a agradecer e nem sei se sou merecedora de tanta coisa.”
 




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