Barak saiu vitorioso na segunda-feira de duas moçoes de censura da oposiçao nacionalista contra sua política de paz com os palestinos, horas depois que a Knesset (parlamento unicameral) elegeu o conservador Moshé Katzav como oitavo presidente do Estado de Israel contra o candidato trabalhista, o ex-primeiro-ministro Shimon Peres.

Mas Barak, aproveitando as férias parlamentares de três meses, deve iniciar nos próximos dias negociaçoes para reconstituir seu gabinete. Na quarta-feira, os deputados se pronunciarao sobre um projeto de dissoluçao da Câmara apresentado pelo Likud (principal formaçao de oposiçao), enquanto o ministro das Relaçoes Exteriores, David Levy, ameaçou se demitir no mesmo dia para votar esse texto. Desde a cúpula israelense-palestina de Camp David (de 11 a 25 de julho), Barak luta por sua sobrevivência política, depois que três partidos se retiraram de sua coalizao governamental enquanto o presidente palestino, Yasser Arafat, iniciou um giro por vários países árabes em busca de apoio.

Israel e os palestinos esperam chegar antes de 13 de setembro a um acordo definitivo que Barak terá que submeter à Knesset e a um referendo. O fracasso de Shimon Peres, prêmio Nobel da Paz por seu papel nos acordos de Oslo de 1993 sobre a autonomia palestina, dá idéia da acolhida que a Knesset pode reservar a um acordo de paz. 'A maioria dos deputados nao votou apenas contra Peres, mas também e principalmente contra Barak e o que ele representa', afirmava nesta terça-feira o jornal Yediot Aharonot. A margem de manobra de Barak é estreita, já que os dois principais partidos da oposiçao, o Likud e o ultra-ortodoxo Shass, pediram a realizaçao de eleiçoes antecipadas.

Segundo uma recente pesquisa de opiniao publicado pelo jornal Jerusalem Post, 41% dos israelenses sao favoráveis à antecipaçao das eleiçoes e 32% prefeririam a criaçao de um gabinete de uniao nacional. Mas Peres disse nesta terça-feira à rádio estatal que haveria 'provavelmente eleiçoes antecipadas em três meses. Até entao, devemos tentar fechar o processo de paz com os palestinos', afirmou.