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Burti é mais um do Brasil na F-1
Por Flávio Gomes
De Melbourne  
12/03/2000 | 02:34
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Toda a atençao dos torcedores brasileiros nesta temporada da Fórmula 1 estará voltada para Rubens Barrichello na Ferrari. Com menor intensidade, o público vai acompanhar também os desempenhos de Pedro Paulo Diniz, da Sauber, e de Ricardo Zonta, da BAR.  

Mas há um quarto brasileiro com uniforme de equipe zanzando pelo paddock de Melbourne, onde na madrugada de hoje começou a temporada 2000 da categoria, com a disputa do GP da Austrália. Pouca gente o conhece. Mas no ano que vem é bem provável que ele esteja ao volante de um carro da Jaguar, o time que sucede a Stewart.  

Seu nome é Luciano Burti. Paulista, 25 anos, atual vice-campeao inglês de F-3, ele foi contratado como piloto de testes pela equipe verde que pertence à Ford. Optou por nao disputar campeonato nenhum neste ano, para ganhar experiência com carros que, segundo ele, nao têm nada a ver com aqueles que poderia pilotar em outras categorias. Ele falou ao Diário em Melbourne. Veja os principais trechos da entrevista.

DIARIO - Você é um observador privilegiado do campeonato. Nao só vê as corridas de perto, como testa para a Jaguar junto com outros times. Que prognóstico você faz para esta temporada?

LUCIANO BURTI - O campeonato vai ficar entre McLaren e Ferrari neste ano. Se der para a gente ficar à frente da Jordan, já está bom. Mas pelo que deu para ver até agora, eles ainda estao à frente.

DIARIO - A Jaguar tem tido seguidas quebras de motor em treinos, o pesadelo da Stewart em 1997 e 1998. O que está sendo feito para resolver esse problema?

BURTI - É difícil. Nós temos o menor motor da F-1, que é uma enorme vantagem. E é um dos mais potentes também. Mas para conseguir tanta potência num motor pequeno, você acaba comprometendo a durabiliadde. Acabar as primeiras corridas do campeonato será quase um milagre. Mas a partir de Imola, a terceira prova do ano, a Cosworth deve estar com esses problemas solucionados. Acho que isso faz parte do negócio. Quando você procura desempenho, é muito fácil perder durabilidade. A Jaguar quer crescer, ser a melhor, igualar-se a Ferrari e McLaren. E se tiver muita cautela, nao consegue atingir seu objetivo.

DIARIO - Como tem sido trabalhar com Eddie Irvine?

BURTI - Ele é um cara bem legal. E tem muita experiência em F-1. Muita gente falava que ele nao gostava de treinar, que nao acertava carro direto. Mas um cara que fica na Ferrari tanto tempo, treinando tanto como eles treinam, só pode trazer muito conhecimento para nossa equipe. É um piloto bom, sem dúvida. Procuro acompanhar bastante o que ele faz e dá para aprender bastante coisa. Como acertador de carro ele parece muito bom.  

DIARIO - E fora da pista?

BURTI - Dá para dar muita risada com ele. Se alguém olha de fora sem saber quem ele é, jamais diria que é piloto de F-1. É um moleque, gosta de uma farra, de falar de mulher. O Eddie nao liga muito para a imprensa nem para festa de patrocinador, essas coisas. O negócio dele é farra e curtir a vida. É o único playboy da F-1.  

DIARIO - Falando agora sobre essa sua opçao de nao correr no ano 2000 e fazer só testes na Jaguar. Você acredita que foi a melhor?

BURTI - Isso eu só vou poder responder no final do ano. Mas por enquanto era a única opçao lógica para o meu caso. Tive a sorte de estar aqui com a Jaguar e eles me ofereceram um contrato com muitos testes. Seria desperdício querer disputar alguma categoria ao mesmo tempo, eu nao iria conseguir me dedicar 100% nem a uma coisa nem a outra. Na Jaguar eu tenho uma oportunidade muito boa para me desenvolver e se tiver a chance de pilotar na F-1 no ano que vem, essa chance terá sido muito útil para mim. 

DIARIO - Mas nao seria bom, por exemplo, uma temporada na F-3000?

BURTI - Nao porque a F-1 é diferente de todas as outras categorias. Só andando de F-1 a gente pode aprender e se desenvolver. Só mesmo guiando esse tipo de carro, que nao tem muito a ver com carros de outras categorias.




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