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Volta e meia vamos dar

Nossa agroindústria é eficiente e lucrativa, mas só quando a ordenha não é excessiva, quando há clima para negócios

Por Do Diário do Grande ABC
06/07/2016 | 07:00
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Nossa agroindústria é eficiente e lucrativa, mas só quando a ordenha não é excessiva, quando há clima para negócios. Mas os problemas continuam existindo, e como eliminá-los? Há pouco, uma conhecida dupla cantou nossas dificuldades, ora agravadas por mensalões e petrolões: “Ou o Brasil acaba com a saúva/ ou a saúva acaba com o Brasil. / Tem saúva na lavoura, tem saúva no quintal/Mas onde tem mais saúva é no Distrito Federal. / Essa é a pior saúva, seu Cabral/ que não trabalha e mete a mão no capital”.

Nada há de novo na ladroeira e no clima antiempresarial do país. O parágrafo acima foi inspirado num livro de mais de 20 anos, Soja no Brasil e no mundo, de nosso leitor Aldayr Heberle, especialista (e pioneiro) no negócio de grãos. A dupla de cantores é ainda mais antiga, embora seus versos de 1954 sejam totalmente atuais: Alvarenga e Ranchinho. E onde continuam, ainda hoje, se alojando e se locupletando as grandes saúvas nacionais? Mudou o Distrito Federal, e as saúvas se mudaram junto.

O fato é que dois presidentes foram afastados por motivos semelhantes desde a volta à democracia, e nada mudou muito. O que tinha mudado, a moeda estável, se tornou irreal com Dilma. Esperava-se de Michel Temer e sua conceituada equipe econômica medidas duras e corajosas. Foram corajosas (tiveram a coragem de gastar ainda mais) e duras, como veremos quando a conta chegar.

O pixuleco dá voltas mas só fica com os de sempre.

O giro da moeda
Metade dos pixulecos de R$ 100 milhões pagos pela Andrade Gutierrez ao PT era propina – dinheiro tomado de estatais para repasse a políticos. Os prédios recém-reformados da Câmara, onde moram de graça os parlamentares, custam agora mais R$ 5 milhões em limpeza, conservação, portaria e zeladoria.
O caro leitor gostaria de vê-los pagando condomínio, como se fossem gente comum? Claro que não: a gente paga por eles!

Pátria das escolas
De acordo com a delação de Alexandre Romano, ex-vereador do PT em Americana, Paulo Ferreira, ex-tesoureiro do PT gaúcho, recebeu de um grupo de empreiteiras R$ 1 milhão para garantir a conquista das obras de ampliação do Centro de Pesquisas da Petrobras, no Rio. O dinheiro foi repassado, segundo conta o delator, por meio das contas bancárias de amigos e parentes, de um blog, de uma escola de samba.
Mas esta não é a única ligação de Paulo Ferreira com a Pátria Educadora: ele é casado com Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social de Dilma.

Boi preto...
O Brasil rejeitou, por motivos políticos, a nomeação de Dani Dayan como embaixador de Israel em Brasília: Dayan mora em assentamento, em Yesha, região que o Brasil considera área palestina. Mas o Brasil não é inflexível: aceitou a escolha de Yossi Sheli para o cargo. Sheli, como Dayan, não tem experiência no setor. Antes de se transformar em diplomata, foi presidente do Correio e diretor da prefeitura de Beer Sheva.

...conhece boi preto
Mas, diferentemente de Dayan, Sheli tem lá seus problemas de folha corrida. Em 2008 foi processado por corrupção. Em 2012 assinou acordo de admissão de culpa e foi proibido de assumir cargos públicos até junho de 2015. O prazo expirou e o Brasil foi seu destino. Sábios, os diplomatas israelenses: que outro lugar lhe seria tão adequado? Onde melhor se sentiria um ocupante de cargo diplomático que já chega punido pela Justiça?

Doações aéreas
Jaques Wagner, ex-governador da Bahia, homem-forte do governo Dilma, festeja nas redes sociais o sucesso da vaquinha: diz que o “crowdfunding” petista para pagar as viagens da presidente afastada superou a meta prevista. O PT é ótimo nisso: lembra da cachoeira de dinheiro que jorrou para ajudar José Dirceu a pagar a multa a que tinha sido condenado?
No fim, descobriu-se que ele nem precisava daquilo. 




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