Economia Titulo Dívidas
Cartão de crédito tem juros de 471,3% ao ano

No cheque especial, taxas anuais chegaram a
311,3%; patamares são os mais altos desde 1994

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
28/06/2016 | 07:00
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Anderson Silva/DGABC


As taxas de juros do rotativo do cartão de crédito para pessoas físicas atingiram em maio a média de 471,3% ao ano, segundo dados divulgados ontem pelo BC (Banco Central). É o patamar mais alto desde o início da série histórica da pesquisa, em 1994. Na comparação com maio de 2015, houve aumento de 111 p.p. (pontos percentuais).

O cheque especial também continua subindo a níveis estratosféricos: 316,3% ao ano para empresas e 311,3% para pessoas físicas. A taxa média de juros para as operações com recursos livres chegou a 52,3% ao ano – 9,7 p.p. acima do que o registrado em maio de 2015. Essa categoria reúne as linhas de crédito voltadas para o consumo e cujas tarifas são negociadas livremente pelas instituições financeiras, ou seja, não são estabelecidos por meio de normas governamentais. Além do cartão de crédito e do cheque especial, também se enquadram nesse grupo modalidades como financiamento imobiliário, crédito pessoal, capital de giro, entre outras.

O economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, explica que a taxa básica de juros, a Selic, que está fixada em 14,25% ao ano desde julho de 2015, tem forte influência sobre as tarifas praticadas pelos bancos. “A Selic está muito ligada ao equilíbrio fiscal. E ainda vai levar um tempo até chegarmos a um nível de segurança que permita ao governo reduzir a Selic”, comenta. Além disso, a taxa básica também é utilizada como mecanismo de combate à inflação, que, atualmente, está em 9,32% no acumulado de 12 meses – 2,82 p.p. acima do teto da meta do BC.

Mesmo reconhecendo o papel da Selic para ajustar a política econômica do País, Balistiero considera que os níveis de juros cobrados pelos bancos, principalmente no cartão de crédito e cheque especial, são abusivos e exploratórios. “Enquanto as pessoas não se conscientizarem de que é melhor poupar do que comprar por impulso, vão continuar explorando.”

Ele cita que, basicamente, quatro fatores são responsáveis pelas taxas de juros tão elevadas. O primeiro é o aumento do risco da inadimplência, que leva os bancos a aumentarem as tarifas para cobrir eventuais rombos provocados por calotes. A inadimplência do cartão de crédito chegou a 37,5% em maio. O segundo e o terceiro são a cobertura dos custos administrativos e a garantia do lucro, enquanto o último é a carga tributária.

ORIENTAÇÃO

Para quem está vendo a conta do cartão de crédito crescer como uma bola de neve, a dica do especialista é procurar o banco para forçar uma renegociação. O objetivo é obter uma nova linha de crédito que permita regularizar a situação com tarifas mais baixas. Por exemplo, o crédito pessoal não consignado tem taxa de juros anual de 129,9%, enquanto no consignado cai para 43,9% para os trabalhadores da iniciativa privada e 27,7% para funcionários públicos. “Além disso, a pessoa tem que colocar na cabeça que não pode se endividar ainda mais”, finaliza. 




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