Os sem-terra já estao preparando, na manha desta quarta-feira, para a Marcha Popular em Brasília. Provenientes de vários pontos do país, muitos já estao próximos à Catedral, de onde sairao em passeata até o Congresso. A manifestaçao começará a partir das 11h30 e, segundo a Polícia Militar, deve contar com a participaçao de cerca de 30 mil pessoas, segundo informaçao da Rádio
CBN.
Por enquanto, o clima é ameno na regiao e poucos ônibus estao no local.
Os participantes da Marcha deverao permanecer na capital federal até a
próxima terça-feira (12), quando participarao de manifestaçoes
do Grito Latino-americano dos Excluídos. Entre os dias 8 e 10,
os integrantes da marcha vinculados ao Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) discutirao novos rumos e
estratégias do movimento em face da conjuntura econômica, em um
evento chamado de Assembléia dos Lutadores do Povo Brasileiro.
Após o dia 12 os 1.100 integrantes da marcha,
procedentes de 23 estados, começarao a voltar para casa de
ônibus. Participam da iniciativa, que tem como principal
objetivo exigir mudanças na política econômica e o rompimento
com o Fundo Monetário Internacional, representantes da Central
Unica dos Trabalhadores (CUT), da Central de Movimentos
Populares (CMP), das Pastorais Sociais da Igreja Católica, além
de grupos menores, como os atingidos por barragens.
Democracia - Depois de fazer cerca de 2 mil debates em
igrejas, universidades e associaçoes de moradores, os cerca de
1.100 integrantes da marcha deverao discutir, na assembléia, um
"projeto de democracia avançada, que nao seja essa democracia
formal, em que a populaçao vota e o político esquece de quem
votou". O coordenador do MST em Santa Catarina, Vilson Joao
Santin, explica que há um descrédito da populaçao em relaçao à
política como vem sendo feita, "em que o povo é um mero
espectador do jogo político". Segundo ele, "é preciso
encontrar formas de ampliar a participaçao coletiva e o controle
social do governo".
Outros integrantes do MST, que preferiram nao se
identificar, acrescentaram que o descrédito atinge até os
partidos de esquerda, "que nao estao representando os anseios
da populaçao." Os militantes do MST trabalham com a expectativa
de que a demora na liberaçao de recursos para a reforma agrária
deverá resolver um velho problema do movimento: mobilizar os
trabalhadores rurais assentados. "Já tem assentado bloqueando
agências do Banco do Brasil no Pontal do Paranapanema", disse
um militante do MST.
Nesta terça-feira a marcha recebeu o reforço de dois ônibus, com
cerca de 80 manifestantes ao todo, provenientes do Paraná. A
expectativa é a de que entre 6 mil e 8 mil manifestantes, vindos
de vários estados, engrossem as manifestaçoes até quinta. Os
participantes da marcha percorreram nesta terça-feira durante a manha, os
cerca de 28 quilômetros que separam Luiziânia, onde pernoitaram
na segunda-feira (04), de Valparaíso, município a 45 quilômetros de
Brasília. Em Valparaíso, os sem-terra ficarao alojados no CIAC
Tancredo Neves. Os manifestantes planejam retomar a caminhada a
partir à 6 horas desta quarta-feira em direçao ao Núcleo dos
Bandeirantes, cidade-satélite distante 15 quilômetros de
Brasília, onde deverao acampar até quinta.