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Sete estudantes da região adotam identidade social

Número de alunos que adotou o nome social
saltou de 182 para 290 em todo o Estado

Por Natália Fernandjes
Diário do Grande ABC
05/06/2016 | 07:00
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Divulgação:


Desde que Mikaella Ferreira Monsão, 26 anos, adotou sua identidade transexual, há sete anos, o nome masculino que recebeu dos pais foi esquecido. A moradora de Santo André passou a ter o direito de ser chamada pelo título social escolhido também na escola onde estuda, a EE Professor José Henrique de Paula e Silva, no Parque Oratório. A auxiliar de cabeleireiro autônoma é uma das sete estudantes do Grande ABC que conquistaram o benefício na rede estadual de ensino neste ano.

Conforme levantamento da Secretaria Estadual da Educação, nos últimos meses, o número de alunos que adotou o nome social saltou de 182 para 290 em todo o Estado – aumento de 59,3%. O direito é válido a todos os estudantes transgêneros, transexuais e travestis. O decreto estadual 55.588, aprovado em 2010, já garantia o direito ao uso do nome social de sua preferência nas escolas da rede de São Paulo, no entanto, a medida foi aprimorada em 2015.

“É uma conquista. Graças a Deus, minha turma da escola é maravilhosa e nunca sofri preconceito, mas sabemos que a realidade é difícil para muita gente. Geralmente associam travesti e transexual a garota de programa, barraqueira e drogada”, destaca Mikaella. Para a auxiliar de cabeleireiro, ter o nome social aceito também depende da postura da pessoa. “Sempre me apresento como Mikaella e trans. Tanto que quando fui tirar reservista foi super tranquilo. Não precisei nem jurar bandeira”, lembra.

Natural de Recife, em Pernambuco, Mikaella veio para São Paulo aos 19 anos, em busca de oportunidade de trabalho e do sonho de viver na metrópole. “A gente acha que vai chegar aqui e ter mais opções, mas nem sempre é assim. Deixei minha família toda lá e vim sozinha, na cara e na coragem”, revela a auxiliar de cabeleireiro que está casada há um ano. “Tenho sorte de todo mundo me aceitar, inclusive a família do meu marido, que é evangélica”, comenta.

No entanto, Mikaella ressalta a dificuldade que é assumir sua real identidade e se aceitar. “Só pude me mostrar aos 19 anos, quando vim para São Paulo, porque até então eu morava debaixo do teto da minha mãe e tinha de respeitar”, observa. Foi só quando desembarcou na Capital para buscar seus objetivos é que ela pôde realizar desejos ainda contidos, como furar a orelha para poder usar brincos e comprar e vestir roupas consideradas femininas, por exemplo. “Tenho algumas amigas que ainda não se assumiram e sempre digo a elas que o que importa é ser feliz, fazer a sua vontade. Porque não é a sociedade que vai pagar suas contas, nem seu salto alto”, aconselha.

NÚMEROS - Balanço feito pela equipe técnica de Diversidade Sexual e de Gênero da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica da Secretaria Estadual da Educação, mostra que a maioria dos pedidos de identidade social é feita por pessoas que querem ser chamadas por nome feminino, representando 78% das solicitações. Outros 22% são de pessoas que querem ser chamadas por nome social masculino.

Em relação à modalidade de ensino, 65% dos estudantes que solicitam o direito estão matriculados na EJA (Educação de Jovens e Adultos) e 35% nos ensinos Fundamental e Médio regular. Destaca-se, ainda, que 26% possuem menos de 18 anos e 74% têm 18 anos ou mais.

Para o aluno solicitar a inclusão do nome social, basta requerer à escola em qualquer período do ano.




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