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Secretário da Educação promete diálogo sobre reorganização

José Renato Nalini tomou posse ontem, 52 dias após a saída de Herman Voorwald do cargo

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
29/01/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Em meio a cenário conflituoso e de protestos causados pela proposta de reorganização da rede de ensino, o desembargador José Renato Nalini tomou posse, na manhã de ontem, como secretário da Educação do Estado, após 52 dias da saída de Herman Voorwald do cargo. O ex-presidente do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) revela que ainda não conhece o plano, que prevê a distribuição dos estudantes em ciclos de ensino e o fechamento de unidades ociosas, mas que está disposto a dialogar sobre as pautas levantadas durante as manifestações estudantis no ano passado.

“Não conheço o plano. Vou conhecer agora. Um plano não surgiu do acaso. Deve ter sido estudado e discutido. Vou chamar as lideranças, os pensadores e vamos abrir grande diálogo para verificar qual foi o motivo da revolta. O que sei é que não foi só o plano, há pauta muito maior e precisamos enfrentar cada item”, afirmou Nalini. O novo secretário considera que o principal desafio de sua gestão será usar a conversa como caminho para se chegar a “consensos mínimos.”

Na visão do secretário, uma das necessidades da Educação é “reduzir o descompasso entre o anacronismo do ensino e uma criança que já nasce praticamente acostumada com a velocidade da comunicação on-line”. Para isso, as “aulas insossas” precisam ser substituídas por atividades atraentes e que tornem a escola “centro de convergência do interesse comunitário.”

A participação da sociedade no processo de construção da Educação também foi destacada por Nalini como algo a ser ampliado. Segundo ele, a população se acostumou a acreditar que toda a responsabilidade é do governo. “A Educação é a chave para resolver todos os problemas brasileiros. Todos temos que nos empenhar. Se queremos realmente fazer do Brasil uma grande nação, temos de levar muito a sério.”

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) ressaltou a tarefa desafiadora dada ao secretário. “Estamos falando de uma secretaria com 300 mil servidores e orçamento de R$ 28 bilhões”, exemplificou, enquanto justificava a escolha. “O doutor Nalini se destaca pelo espírito público, que é o que mais falta no País, e pela sua capacidade de gestão.”

O secretário espera contar com a experiência acumulada à frente do TJ-SP também para lidar com a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo). “Estive dois anos na presidência sem nenhuma greve. São 34 os sindicatos do Poder Judiciário. O sindicato faz o papel dele. O do governo é tê-lo como parceiro, ser transparente”, considera. Nalini afirma ainda que não existe assunto tabu. “Vamos conversar a respeito de tudo, mostrar os índices da economia”, destaca, referindo-se às discussões sobre o reajuste salarial docente, tema que gerou greve da categoria por três meses no ano passado.

Embora tenha uma vida dedica à área do Direito – Nalini é formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas, é mestre e doutor em Direito Constitucional pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) e professor da área –, o secretário rechaça qualquer troca de influência entre a Pasta e a Justiça. “Se vocês conhecem o universo do judiciário, sabem que ex não é mais nada. Virei a página.”

No fim do ano passado, estudantes ocuparam pelo menos 200 unidades de ensino estadual, 25 no Grande ABC, em protesto contra a reorganização escolar e também como forma de cobrar melhorias para a rede. O projeto prevê o fechamento de 94 escolas, sendo seis na região, além da transferência de 311 mil estudantes e seus professores.




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