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Morador de Mauá vai às ruas protestar
Evandro De Marco
13/01/2011 | 07:02
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Cansados dos transtornos causados pelos frequentes transbordos do Córrego Presidente Epitácio e revoltados pelas recentes tragédias - cinco mortes causadas por deslizamentos de terra em uma semana -, moradores do Jardim Oratório, em Mauá, resolveram protestar contra a falta de ações da Prefeitura. Também na Capital, moradores foram às ruas ontem para reclamar do caos em que se transformou a cidade por causa das chuvas.

A Avenida Ayrton Senna, principal via do Jardim Oratório, foi interditada pela população pouco depois das 18h de ontem. Pneus e pedaços de pau foram incendiados e usados para montar barricada.

O protesto aconteceu depois que um grupo de representantes comunitários esteve reunido com o secretário de Obras, Hélcio da Silva, pela manhã. Segundo líderes dos moradores, nenhuma solução foi proposta pelo representante do Executivo. "Ele (secretário) disse que não vai usar dinheiro da Prefeitura para limpar o córrego, que vai ser canalizado com dinheiro do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)", afirmou Sérgio Félix, 49 anos, um dos representantes dos moradores.

Em nota, a Prefeitura de Mauá garantiu que as obras no bairro estão em andamento desde dezembro, mas, em virtude do período das fortes chuvas, estão em um ritmo menor. Após esse período, as obras continuarão.

O comerciante Agostinho Barbosa acredita que não é possível esperar a época de chuvas passar para que providências sejam tomadas. "A Prefeitura fala que vai fazer as obras com dinheiro do PAC faz tempo. Mas quase nada foi feito", reclamou.

O protesto pacífico terminou uma hora depois com a chegada de uma equipe do Corpo de Bombeiros, que apagou o fogo da barricada e liberou a pista. Até esse momento, o trânsito já estava travado até na região central da cidade, como reflexo da interdição da via. "Saio do Centro e vou até o bairro Sonia Maria em 28 minutos. O tempo que estou parado aqui daria para ter feito duas viagens", lamentou um motorista de ônibus que pediu para não ser identificado.

A razão de reclamação dos moradores do Jardim Oratório pode ser constatada pela equipe do Diário, que viu o Córrego Presidente Epitácio invadir a pista da Avenida Ayrton Senna depois de apenas dez minutos de chuva moderada no fim da tarde de ontem.


Encontro deixa moradores sem respostas

 

Revoltados com o silêncio da Prefeitura de Mauá diante dos deslizamentos e da falta de infraestrutura, moradores do Jardim Oratório foram até o Paço Municipal na manhã de ontem cobrar respostas da administração. Os manifestantes, que prometeram não deixar o local enquanto não fossem atendidos, se reuniram com os secretários de Obras, Hélcio Silva, e de Governo, José Luiz Cassimiro.

Apesar de terem conseguido falar com os secretários, os moradores não deixaram o Paço Municipal satisfeitos. "Não houve avanço. A Prefeitura está desorganizada. Um (secretário) passa a bola para o outro e ninguém resolve nada", critica o líder comunitário João Lopes.

Os moradores cobraram rapidez na execução das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Jardim Oratório, além de melhorias nos acessos ao bairro.

A destinação de verbas do PAC para o Oratório foi anunciada em junho do ano passado, com investimento previsto de R$ 68,2 milhões. O pacote de obras previa a construção de unidades habitacionais, canalização do Córrego Presidente Epitácio e pavimentação de ruas, entre outras ações.

Segundo Lopes, nenhuma obra foi feita ainda no local. A Prefeitura afirmou, em nota, que os serviços estão em andamento desde dezembro, mas em ritmo lento "em virtude do período das fortes chuvas".

O líder comunitário informa ainda que, ao solicitar a pavimentação das ruas, foi orientado por Hélcio para que procurasse a Secretaria de Mobilidade Urbana. "Isso é um absurdo. Será que ele não pode dialogar com a secretaria? Ele sabe o que estamos passando", acrescenta João Lopes.

A administração se recusou a comentar as afirmações e não forneceu versão oficial sobre o teor da conversa com os manifestantes.

ABRIGO - A Prefeitura disponibilizou ontem um abrigo provisório na quadra de esportes do Caic (Centro de Aprendizagem e Integração de Cursos) Oratório para as famílias desabrigadas. (Fábio Munhoz)

 

 




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